“Canto  normal  de  pássaro,  de manhãs comuns. Um comum que contrasta, ressaltando, com as armas dos homens fardados que já posso ver numa torre de segurança, mais altos que as árvores e os pássaros, garantindo o fechado daquilo, garantindo que o fora é fora e que o dentro é dentro, vigiando, guardando quem não pode sair, como histórias que tivessem de permanecer caladas, abafadas pelas portas todas.”

“Ignorava, também, o significado de “instituição total”, embora estivesse prestes a entrar em uma delas: aquela em que se faz, todos os dias, todas as atividades de uma vida, junto com muitas outras  pessoas  cuja  companhia  não  se  escolheu,  e cuja  rotina  é  determinada  prévia  e  rigidamente  por  um  sistema  de  regras,  e  não  pelas  vontades  de  cada  um.”

Desterros: histórias de um hospital-prisão (2017)
Por Natalia Timerman