“O ônibus verde e branco desceu a rua Itaguá com 10 minutos de atraso. Todos os dias, o veículo da companhia Rio Negro, especializada em fretamento, fazia uma espécie de romaria para apanhar passageiros em Brumadinho, cidade de Minas Gerais de apenas 40 mil habitantes, mas como dobro da área da capital, Belo Horizonte. A viagem começava antes do sol no distrito de Conceição de Itaguá. De lá, o ônibus seguia para o bairro Grajaú, onde o técnico de mina Gleison Welbert Pereira, 41 anos, já o esperava. Como não usava relógio de pulso, ele dava espiadinhas na tela do celular para conferir o horário. Eram 6 horas. Apertou nervosamente os lábios, preocupado com o turno de trabalho que se iniciaria às 7 horas na Mina de Jangada. Controlada por uma das maiores empresas de mineração do mundo, a Vale S.A., a mina operava 24 horas por dia nos sete dias de semana. Como em toda sexta-feira, era preciso deixar tudo organizado o quanto antes para as operações de fim de semana. Na calçada de Itaguá, Gleison repassava, mentalmente, o planejamento daquele 25 de janeiro de 2019 quanto avistou o veículo”.
Arrastrados
Por Daniela Arbex