Neste ano de 2022 mais um filme da Pixar em parceria com a Disney foi lançado. A animação Red, dirigida pela segunda mulher na história do estúdio, Domee Shi, aborda um tema polêmico na sociedade: a puberdade feminina.

O filme conta a história da protagonista Mei Lee, uma menina de treze anos que, após uma noite conturbada em casa, depois de sua mãe, Ming Lee, encontrar um diário em que mostrava quem era de fato, começa a passar pelo processo da puberdade, menstruando no dia seguinte. 

A animação tem como centro da narrativa as mudanças hormonais de Mei Lee. Por esse motivo, e através de uma profecia milenar que contorna a família, em todos os momentos que a garota manifesta seus sentimentos, acaba se transformando em um grande Panda Vermelho.

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#ParaTodosVerem – Na imagem acima temos um Panda Vermelho caindo do céu com o semblante assustado. O céu está azul e com algumas nuvens.

O panda vermelho 

Durante a puberdade, no momento que os hormônios tomam conta do corpo, há dificuldade de controle dos próprios sentimentos na protagonista. Eles são quase sempre incontroláveis e, ao se tornarem intensos, independente de serem bons ou ruins, o Panda Vermelho toma conta do corpo de Mei Lee, fazendo-a querer reprimi-los através do autocontrole, influenciado pela mãe.

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Créditos: Pinterest

#ParaTodosVerem – Na imagem acima tem fundo vermelho. Nela há um Panda Vermelho sorrindo, olhando para frente e com as mãos na cintura. Mei Lee está em frente ao Panda fazendo a mesma posição.

Representação do animal

No longa, o animal que Mei Lee se transforma não é por acaso. O panda, é a representação da juventude, da inteligência e da astúcia. Além disso, também simboliza a independência, ou seja, o processo pelo qual o autoconhecimento da personagem é aflorado, transformando-a em uma filha que começa a questionar a mãe super protetora e vai em busca de fazer, com um grupo de amigas, o que tem vontade de fato. 

A cor do animal em que Mei Lee se transforma ao não conseguir lidar com suas intensas emoções é vermelha. Essa cor é a representação da raiva, do amor, e também da sorte. Essas três características atravessam a personagem durante todo o filme, pois nem sempre suas emoções são boas e, por outro lado, o fato de ser dessa forma, faz com que o pai diga a ela que “vermelho é a cor da sorte”. 

 

Silenciamento do processo da puberdade 

Com a chegada da menstruação aos treze anos, ambos os pais de Mei Lee se assustam com a rapidez (na visão deles) da transformação fisiológica da menina. Esse susto vem junto da tentativa de silenciamento das mudanças que a protagonista começa a experienciar. 

A mãe, ao se identificar com a filha se transformando em panda em alguns momentos, produz o mesmo silenciamento que foi produzido que ela sofreu quando jovem. Então, recomenda à filha que tenha autocontrole sobre suas emoções e reprima a manifestação do animal, até que chegue o dia que o ritual para se livrar do Panda aconteça. 

Omissão da menstruação 

O único momento do filme que há menção à menstruação é quando Mei Lee passa por isso pela primeira vez. Não existe nenhum diálogo sobre esse assunto antes, durante e depois do acontecido.

A falta de diálogo e, ainda, a repressão que a mãe influencia a filha a fazer, pode ser entendida como a omissão da menstruação não só na personagem, mas de todas as meninas e mulheres na sociedade. 

Quando uma mulher passa pela semana da menstruação, junto das mudanças hormonais vem também o silenciamento a respeito desse assunto. Tudo é omitido, o corpo ganha uma blusa na cintura, o absorvente é escondido para ninguém ver, e a palavra menstruação é um não dito. 

Diferença geracional 

No longa fica claro que a mãe de Mei Lee, ao encontrar sua própria mãe, não conseguiu lidar com todas as mudanças trazidas pela puberdade, pois foi repreendida da mesma forma que faz com a filha. 

A repressão das mudanças e do autoconhecimento fizeram com que Ming Lee, se encaixasse onde sua mãe quis, e assim tenta fazer com a filha – reproduzindo o mesmo padrão. Coloca-se uma culpa e responsabilidade grande em Mei Lee para que não deixe o panda aparecer (metáfora das mudanças hormonais), até tira-lo de si. Com ela é diferente, a garota não mais aceita reproduzir o que foi vivenciado pela sua mãe. 

Representada no filme como a terceira geração de mulheres da família, a personagem faz diferente ao perceber que se mostrar como um Panda Vermelho não é algo ruim, pelo contrário. Os amigos da escola começam a vê-la de forma diferente, torna-se popular e ganha confiança de ser mais do que apenas uma boa aluna.

Recado do filme para as novas gerações 

A classificação indicativa do filme, segundo a ficha técnica, é livre. As crianças, público alvo do longa, em especial meninas, ao assistirem não vão tomar como lição a questão menstrual, já que esse é um subentendido na produção. O que fica de recado para as novas gerações, assim como Mei Lee no filme, é que as crianças veem tudo diferente dos adultos porque o mundo mudou e as gerações também. 

Tomar decisões e ressignificar os próprios sentimentos, entendendo que mudanças ao longo da vida são normais, mostra que tudo pode ser encarado com leveza, e que não há nada de ruim em se tornar um Panda Vermelho de vez em quando – isso pode até ser muito legal, o importante é não fingir a inexistência dele, reprimindo-o! 

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Créditos: Pinterest

#ParaTodosVerem – Na imagem acima temos três crianças do filme Red em volta de Mei Lee. Elas estão fazendo poses para uma foto dentro do quarto da protagonista.

#ParaTodosVerem Imagem de capa – A imagem traz a personagem Mei Lee do filme Red andando em uma rua com um prédio ao fundo do lado esquerdo. A menina está usando óculos de grau, vestindo blusa vermelha e bolsa roxa nas costas. Seu cabelo é preto e preto na lateral esquerda com uma presilha verde. A foto mostra Mei Lee andando na rua.

Referências 

Youtube 

Portal da urologia 

Dicionário de símbolos 

Dicionário de símbolos 

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