Quem aqui não gritou de desespero quando viu a conta de energia do mês? O Brasil finalmente viu sua bandeira ficar vermelha, mas no caso, a bandeira da cobrança de energia elétrica. Um problema que tem três dimensões: crise hídrica, crise ambiental e crise de governança. Ou se preferirem o resultado de dois anos de governo negacionista, incompetente e que está pouco se importando com o país.
No entanto, vamos no ater as três dimensões de crise. A crise hídrica, tem seu significado na falta de chuvas. Ah, então o problema é com São Pedro, ou Iansã/Santa Bárbara! Não querido jovem místico, muito menos com a conjugação astral que não favorece que Júpiter se encontre com Vênus. É uma das várias consequências das mudanças climáticas, que, é importante lembrar, ainda não está plenamente vigorando no planeta, mas trata-se de seu cartão de visitas.
Os fenômenos climáticos extremos para ser mais específico, que tanto pode significar o excesso de tempestades quanto a sua falta, momentos de seca ou estiagem. Períodos de secas é o que temos vivenciados nos últimos anos, e a natureza cobra seu preço, ou sua vingança, está faltando água nas represas das hidrelétricas e com isso temos que utilizar as termoelétricas, que além de energia mais cara também contribui para os efeitos de alteração do clima. Olha, é um loop, mas nada disso tem a natureza como culpada, mas sim e repito isso pela vigésima vez nessa coluna, é culpa nossa.
O Brasil é um país extremamente dependente da energia (eletricidade) gerada a partir das hidrelétricas. Isso tem dois significados para a crise ambiental. A primeira é que as fontes hidrelétricas permitem a geração de eletricidade a partir de fontes consideradas menos poluentes, mas não completamente limpas, já que existem vários estudos que mostram os problemas ambientais causados pelo represamento das águas, além da alteração da paisagem onde são instaladas as barragens, que prejudicam tanto a biodiversidade quanto as populações humanas do entorno. O segundo ponto é a dependência que temos com esse tipo de geração de energia. A energia hidrelétrica é baseada no regime de chuvas, no abastecimento de água nos reservatórios, ou seja, jovem, precisa chover. Mas ai voltamos ao problema da crise hídrica, cadê a chuva?
Vejam… o problema não é só da natureza ou das mudanças climáticas causadas pelo ser humano, por nós, mas temos também um problema de governança. Em 2019, primeiro ano do governo #forabolsonaro, o sujeito que ocupa a presidência não gostava do horário de verão, que se vocês puxarem pela memória acontecia exatamente nessa época do ano e que era responsável por uma economia de 1% a 2% da energia consumida no país. Pode parecer pouco, mas ajudava a conter a escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas e mesmo em um momento de poucas chuvas não chegava a colocar em risco o fornecimento de energia para todo o Brasil.
Além disso, a boiada que passou no Ministério do Meio Ambiente deu carta branca para o aumento das queimadas na Amazônia, Pantanal e outros biomas brasileiros. Caso não tenham faltado nas aulas de geografia e biologia, sabem que as florestas tem um papel importante no equilíbrio climático e no regime de chuvas, e no caso brasileiro o desmatamento contribui para a falta de chuvas e também para as mudanças climáticas, e zeramos o looping.
As consequências dessas crises ainda serão sentidas nos próximos anos, décadas… as escolhas políticas afetam fortemente nossas vidas, nosso cotidiano, não se enganem. Um programa político que ignora o meio ambiente, que nega as ciências e destrói o bom senso, pode levar gerações inteiras a sofrerem.
Em tempo: choveu significativamente esses dias, mas nada indica que as tempestades que assolaram parte do país serão suficientes para amenizar a crise hídrica.