Há algumas semanas o Comunica publicou o texto “Precisamos Falar de Terror”. No post prometemos uma continuação,  então aqui está! Hoje vamos falar sobre a utilização de medos sociais nos filmes de terror.

Para começar a discussão, usaremos o artigo de Jaime César “Os filmes de terror como alegoria para os horrores sociais”. O autor analisa diversos filmes estadunidenses que tratam desse recurso. Nos exemplos, César usa alguns longas como: “Vampiros de Almas”, de Don Siegel, que retrata o medo do comunismo; “A Noite dos Mortos-Vivos”, de George A. Romero, com o qual o  autor do artigo traça um paralelo dos zumbis como as ideias conservadoras em um momento de luta das minorias por Direitos Civis.

Que a arte, no geral, pode ser usada para a discussão desses temas é algo de juízo comum. Porém, como pontuado no post passado, muitos tendem a subestimar o potencial dos filmes de terror.

No artigo Jaime César analisa filmes dentro das décadas de 50 a 70, mas temos diversos exemplos atuais que usam medos sociais para aterrorizar o público. “O Babadook” de Jennifer Kent, talvez seja um dos mais famosos exemplos da atualidade. No longa, a protagonista é constantemente atormentada por um monstro, que também pode ser interpretado como uma personificação dos seus traumas.

Tendo em mente esse tipo de filme dentro do gênero, assim como na publicação passada, a seguir temos algumas indicações. A lista é de filmes de terror recentes e que usam alguma alegoria para refletir sobre horrores sociais. Então vamos à lista:

Nós – Jordan Peele

Foto: Cultura Genial

Foto: Cultura Genial

#ParaTodosVerem – Imagem horizontal de uma família negra se abraçando. A esquerda um garoto e na direita uma adolescente estão sendo abraçadas pela mãe por trás. Os três estão com uma expressão de medo.

O primeiro filme de terror da carreira de Jordan Peele foi “Corra!” que foi aclamada por crítica e público. Porém, o próximo filme do diretor, “Nós” foi um divisor da opinião dos espectadores. Talvez um dos motivos dessa diferença seja as alegorias de “Nós”, que requer certa reflexão, o que pode ter afastado parte do público. No longa, uma família começa a ser perseguida por suas réplicas, pessoas de aparência iguais as deles. O filme trata de questões como desigualdade social, autocrítica e o medo do estrangeiro. “Nós” está disponível na Netflix.

Talvez um dos motivos dessa diferença, seja as alegorias de “Nós”

O primeiro filme de terror da carreira de Jordan Peele foi “Corra!” que foi aclamada por crítica e público. Porém, o próximo filme do diretor, “Nós”

Midsommar – Ari Aster

Foto: Cosmo Nerd

Foto: Cosmo Nerd

#ParaTodosVerem – Imagem horizontal de uma pessoa com as mãos ensanguentadas em uma pedra. Há runas nórdicas desenhadas na pedra, onde a pessoa espalhou sangue por cima. A pessoa está em de cabeça abaixada, como se estivesse em oração.

Não há dúvidas que o item mais peculiar dessa lista seja esse. A obra é conhecida pelo desconforto que causa por conta das cenas estranhas. O filme conta a história de Dani e Christian, um casal de namorados que esta em uma má fase do relacionamento. E é exatamente que o filme trata: sobre términos. O assunto não é abordado de forma tão aberta e sim pelas entrelinhas, através de simbolismos. Isso, enquanto passa por um festival de uma seita que envolve dança, sexo, alucinógenos e sacrifícios de sangue. “Midsommar” está disponível no Prime Video.

A Bruxa – Robert Eggers

Foto: Plano Crítico

Foto: Plano Crítico

#ParaTodosVerem – Imagem horizontal de uma garota loira assustada. A garota está com roupas da época colonial dos EUA. No fundo da foto há árvores secas indicando que a jovem se encontra em uma floresta.

O longa conta a história de uma família que foi expulsa de um acampamento colonial. Obrigados a viver isolados, eles entram em pânico com o sumiço do bebê e passa a culpar a filha, acusando-a de bruxaria. O diretor usa o cenário colonial e com forte presença religiosa para retratar tanto o machismo quanto o fanatismo religioso. “A Bruxa” está disponível no Telecine.

 

Corrente do Mal – David Robert Mitchell

Foto: Globo

Foto: Globo

#ParaTodosVerem – Imagem horizontal de um carro à noite. Dentro do carro há duas pessoas se beijando. O carro está em um local com muitas árvores e com névoa.

E por último, “Corrente do Mal” mostra a história da jovem Jay, que após fazer sexo com um rapaz, pega uma maldição sexualmente transmissível, que faz com que uma força maligna a persiga. É explicado para jovem, que para se livrar da maldição, ela deve passar a maldição para frente da mesma forma que passaram para ela. Essa trama é uma alegoria para assuntos como as IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e as ansiedades dos jovens em relação ao sexo. “Corrente do Mal” está disponível na Netflix.

#ParaTodosVerem – Imagem da capa. Foto horizontal de um pessoa mascarada segurando uma faca suja de sangue. A pessoa veste um roupão preto e máscara branca de caveira com uma expressão de sofrimento. Está segurando a faca com o cabo voltado para cima e lamina para baixo.