A Síndrome do Pânico ocorre há muito tempo na nossa sociedade, mas pouco se sabe dela. Por não conversar muito ou por falta de curiosidade em procurar informações. As pessoas muitas vezes acabam a confundindo com várias doenças como ansiedade e ataque cardíaco.

Então, nós do Comunica UEM, movidos pelo interesse e a curiosidade, resolvemos trazer mais sobre a Síndrome do Pânico, consultando a docente Drª. Juliana Baracat, formada em Psicologia, especializada em Psicanálise e Psicologia Social, atuando na área clínica e na acadêmica. A doutora nos relata que os sintomas do ataque de pânico, já foi relatada em um livro do Freud em 1895, há mais de 100 anos, mas sendo nomeada por ataque de angústia.

 

O que é síndrome do pânico? Seria a mesma coisa que ataques de pânico?

J. Baracat: “A Síndrome são vários ataques de pânico que ocorrem com uma frequência maior. […] O ataque de pânico é o ataque de extrema ansiedade que o sujeito sente um medo repentino, irracional, que muitas vezes ele não sabe identificar qual o motivo e, assim, a frequência dos ataques. Um ataque isolado qualquer um de nós pode ter, assim como a Síndrome do Pânico qualquer pessoa pode ter, faz parte da patologia da vida comum, cotidiana. Então a Síndrome se configura pela extrema frequência dos ataques, começa a ter uma vez por semana, de repente começa a aumentar.”

Quais os sintomas? É fácil de identificar?

J. Baracat: “Os sintomas são de fáceis identificação, qualquer um pode observar. Em geral, a pessoa que tem um primeiro ataque na vida, pode achar que está realmente tendo um AVC ou uma parada cardíaca, infarto, por conta dos sintomas físicos. Mas à medida que o sujeito vai procurando ajuda, atendimento em uma UBS, uma UPA, os próprios profissionais da saúde, o médico, o enfermeiro vai orientar, de que não há uma causa orgânica para esse ataque, ou seja, o sujeito não está tendo um AVC, uma parada cardíaca. Então, o sujeito passa a identificar, em si, esses ataques de pânicos.”

Como é realizado o tratamento?

J. Baracat: “O tratamento mais indicado é uma associação do tratamento medicamentoso, que vai aliviar esses sintomas físicos com uma maior rapidez mas, também, a Psicoterapia, que vai favorecer que o sujeito investigue os motivos pessoais.

Cada um tem os motivos que desencadeia um ataque de pânico, não é uma motivação generalizada. Então, com a Psicoterapia, cada um vai investigar a sua história de vida, a situação atual, que está motivando esses ataques de extrema ansiedade. É obvio que o tratamento Psicoterápico não tem uma resposta tão rápida quanto o medicamentoso, mas continua sendo altamente recomendável, porque os efeitos são mais duráveis. Apenas com a Psicoterapia o sujeito vai conseguir compreender o que está se passando com ele.

Enquanto que com o remédio vai ter um efeito mais rápido mas, também, há um risco, do sujeito começar a lidar com o medicamento como uma espécie de muleta emocional.”

Durante a pandemia, a síndrome ocorreu com mais frequência? Os sintomas são mais acentuados?

J. Baracat: “Eu acredito que durante a pandemia os ataques e a própria Síndrome tenham ocorrido com maior frequência, apesar de ser uma Síndrome contemporânea. […] E com a pandemia que se tem a necessidade do isolamento social, dado a adaptação ao que chamamos de nova normalidade, o próprio estresse relacionado ao medo dessa doença.

[…] Isso é extremamente ansiogênico, é um vírus, por ser algo invisível, a gente não sabe localizar onde está, não consegue identificar a pessoa que transmite. Então, são vários medos de que ficam circulando nesse momento que, com certeza, potencializam o surgimento da Síndrome do Pânico em várias pessoas. E com certeza, os sintomas podem ser acentuados em pessoas que já tiveram o pânico em outros momentos da vida, podem voltar a ter, enfim, isso vai da história de cada um.

[…] Na nossa vida contemporânea já temos potencializados diversos sofrimentos, de várias maneiras, ordens e, com certeza, a pandemia vai aumentar sim. A gente já vê os níveis de depressão, de ansiedade generalizada que se relaciona então ao pânico. A Agorafobia, que é outra característica que pode acompanhar a Síndrome do Pânico, que é o medo do sujeito de frequentar espaços públicos, lugares aglomerados, grandes. Então com ela, existe a potencialização de uma série de sofrimentos, mas juntos que já estavam por aí, por conta das nossas condições de vida nesse séc. XXI.”

É muito interessante perceber os detalhes desse sofrimento psíquico. Como a psicóloga nos avisa: “Na Psicologia, a gente evita um pouco esse jargão de doença mental por conta da nossa luta em relação à despatogilização das condições humanas, então falamos em termo de sofrimento psíquico”. E segundo ela, a Agorafobia que geralmente vem junto com a síndrome, não é em todos os casos que os dois vão acontecer ao mesmo tempo, existem pessoas que tem só a Síndrome.

A pandemia afetou a todos de maneira anormal, porque todos sentimos os efeitos, seja a falta do contato, ou ficar em casa, mas para quem tem Síndrome do Pânico, pode ter um maior efeito. E a sociedade, como menciona a professora, já tem contribuído para que vários sofrimentos existem.

Agradeço a Prof. Dr. Juliana Baracat por ter disponibilizado esse tempo ao Comunica, e por ter tirado as nossas dúvidas.

#ParaTodosVerem- Foto da capa. Foto em horizontal, com uma mão apertando um coração de pelúcia vermelho do tamanho da mão, com um fundo branco.

Entrevista do áudio transcrita.