No Brasil é comum a dificuldade em reconhecer e valorizar a cultura que vem da periferia, isso aconteceu com o samba, com a cultura hip hop, que é uma cultura artística que envolve a música (Rap e DJing), dança (breakdance, popping e locking) e pintura (grafite). Agora temos o funk, que já sofreu várias tentativas de criminalização.
Não é raro encontrar funks com letras sexuais, que retratam a violência, o uso de drogas e o tráfico. Alguns grupos da sociedade rejeitam a ideia de que o funk é uma manifestação cultural, uma “falsa cultura”, como descreveu a Sugestão Legislativa 17, desvalidando artistas, produtores e consumidores desse estilo.
Para entender melhor uma sugestão legislativa: é quando a população pode sugerir projetos de leis, é necessário ter no mínimo 20 mil pessoas, que apoiam essa ideia, em menos de 4 meses, se conseguido essas assinaturas a sugestão legislativa vai para Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e é debatida pelos senadores. Em seguida dão seu parecer em relação ao projeto apresentado. Se o parecer for favorável, a Sugestão Legislativa passa a tramitar no Senado como Projeto de Lei.
Com a explicação anterior é possível entende porquê dessa sugestão de lei visava criminalizar e limitar os espaços onde o funk se manifesta. Segundo Bruno Ramos, produtor cultural e um dos fundadores da Liga do Funk: “O Funk sofre preconceito porque é um movimento de periferia e aborda questões que as pessoas não estão acostumadas a lidar. Além disso, fala dessas questões de uma maneira muito aberta, ao invés de usar os jogos de palavras típicos das músicas produzidas durante a ditadura, por exemplo”.
Por mais que existam pessoas que queiram tornar o funk um crime fora do país, há muitos artistas que procuram por parcerias com cantores e produtores. A rainha do pop, Madonna convidou a Anitta para gravar Faz Gostoso, no álbum Madame X (2019). O rapper Drake fez um remix com Kevin O Chris, da música Ela é do tipo. Além desses há vários outros feats internacionais que valorizam a batida do funk.
Há quem não goste, mas o público ouvinte é muito vasto e tem se popularizado cada vez mais, realmente, “é som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado”, já diria Amilcka e Chocolate. É uma batida envolvente que mesmo quem não sabe dançar direito, se arrisca a mexer o corpo e se não mexer pelo menos a música vai ficar na cabeça. Nas festas e baladas (tempos de pré pandemia) tocava pelo menos um funk. Não tem erro, é contagiante.
Não se pode negar que há letras problemáticas, como as que fazem apologia a drogas, machismo, estupro. Para além da letras, é o retratam uma realidade, e as manifestações culturais retratam seu local, seu tempo, ainda que sensível.
O Grammy Latino finalmente reconheceu o “Funk Brasileiro” como parte das categorias urbanas da premiação.
VOCÊ VENCEU ANITTAAnitta em 2016 disse: pic.twitter.com/zaOvgZKa9p
— Érica (@_mara02) July 18, 2021
O funk cresceu, incomodou, ganhou seu púbico e ficou famoso fora do Brasil. O Grammy Latino adicionou o funk na categoria de Música Urbana. Como essa adição foi um pouco tardia, faz parecer que o Grammy está correndo atrás do tempo perdido. Já que alguns funkeiros já foram indicados em outras categorias e já ganharam alguns prêmios de outras instituições. Mais pra frente falamos mais sobre 😉
#ParaTodosVerem a imagem de capa é arte gráfica, que foi inspirada no grafite. O fundo é azul e no meio está escrito “funk” em um degradê de laranja pra rosa, de baixo, em volta contornado de roxo com uns respingos.