Bom, já chega desse papo esquerdista, que fica analisando o capital e blá blá blá. Mas o que isso tem com o clima? Ai vem o climão que falei na Parte 1. Por conta dessas inovações tecnocientíficas, da expansão do capital, o sistema produtivo tem fabricado mais e mais coisas, utilizando, vejam só… os recursos naturais, e naturais aqui tem a ver com na-tu-re-za!

E não é só isso, essa utilização em larguíssima escala do mundo natural, promove o contrafluxo. A produção de lixo e resíduos variados (tóxicos em sua maioria) que são descartados aonde??? Uma barra de plutônio para quem adivinhar. Na própria natureza, ou você acha que aquele terreno baldio, o fundo de vale, ou mesmo o lixão lá longe, que talvez já tenha ouvido falar, mas nunca visto, não fazem parte da natureza? De qualquer forma, acho que já ficou claro onde quero chegar.

Acontece que um dos resíduos que são eliminados no processo de fabricação do seu Iphone é em forma de gases, poluição atmosférica, aquela fumacinha que sai das chaminés das fabricas ou então do seu Corsa 1.0. Claro que não é somente por ai que a poluição atmosférica é gerada, tem a produção de gases bovina, famoso peido de boi, a queimada florestal, esta contribui duplamente para nosso problema aqui, de um lado na emissão de gases de outro na perda de biodiversidade, que auxilia, por sua vez, no sequestro dos gases emitidos.

Esses gases, principalmente o CO2 (dióxido de carbono), causa um efeito curioso na atmosfera, ele permite que os raios solares entrem no planeta, mas não deixa que saiam. É tipo um porteiro de boate que não deixa você entrar sem a fitinha VIP, mas ao contrário. Daí acontece o que com esses raios solares que não saem da pista de dança? Você sabe que sol = calor, né? Então, os raios ficam dançando sem parar ao som do DJ, deixando todos pilhados e bem quentinhos. Mas é um calor que não é legal para todos, sabe aquele calor suado, grudento? Tá aí, pegou a visão. O calor que fica e que não volta para o espaço eleva a temperatura média do planeta, causando a alteração do regime climático.

Esse processo que chamamos aqui de “Porteiro de boate invertido” tem suas origens há uns dois séculos, quando começamos, adivinha! A era industrial e o capitalismo da forma como o conhecemos. Tem tudo a ver? Tem. Então é só parar de produzir tanto? Podemos tampar as chaminés da fábrica e meu Corsa 1.0 pode ficar na garagem, gasolina tá bem cara mesmo. Já sei! Podemos pedir para os cientistas inventarem tecnologias que eliminem o “porteiro de boate invertido”! Ora, ora, ora, temos uma solução (insira aqui barulho de fogos de artificio, champagne, pessoas se abraçando), pronto, acabou o problema. Ha-ha-ha, leia essa risada com voz de escárnio. Nada é tão simples assim. Lembra ai: ciência, amiga do capital, capital quer lucro, ciência dá lucro, capital quer mais lucro, capital produz mais, produzir igual a poluir (sem chance de ser diferente, não se engane, não se deixe enganar). O problema climático, ambiental, atual é político-econômico e é assim que a “porca torce o rabo”.

Continua…

 

#ParaTodosVerem – fotografia de Jaguara, Bahia, por José Neydson. Imagem horizontal, apresenta uma igreja pequena ao centro, num descampado. Na frente da igreja, ao longe se vê duas pessoas em suas bicicletas. Em primeiro plano, à esquerda uma árvore seca. A foto foi editada e foram incluídas linhas verticais e horizontais como se formasse um quadriculado. Em um desses quadrantes foi inserida uma imagem de uma mão segurando uma nota de 100 euros.