No contexto de constante vazamentos de dados on-line e ataques à privacidade, assim como a disseminação de Fake News e fraudes na web, a segurança nunca foi tão cara aos usuários da www.
Desde 2008, com o surgimento da Bitcoin, uma tecnologia que promete (e aparentemente cumpre) revolucionar a experiência do usuário em termos de segurança e transparência. Trata-se da blockchain, ou ‘cadeia de blocos’, uma rede que permite armazenar e compartilhar quaisquer tipos de dados ou arquivos de forma descentralizada, sem intermediários, transparente, confiável e eficiente.
Mas o que isso significa para o mercado da comunicação?
Muito se especula, algumas coisas já estão em prática e o que parece consenso é que essa deve ser uma tecnologia tão disruptiva quanto a própria Internet em seus primórdios. Isso ocorre de tal forma que assim como não se sabia como o mercado da comunicação iria efetivamente lucrar com a web ainda não parece haver muita clareza sobre o mesmo a respeito da blockchain.
Tentamos explorar essas possibilidades. Vejamos.
Uma das aplicações já em uso é o que se conhece como supply chain, ou cadeia de suprimentos, que envolve todas as etapas da vida de um produto. O que a blockchain oferece de melhor a essa área da logística é a transparência no rastreamento de produtos. Nesse sentido o marketing e a publicidade podem fazer o storytelling mais transparente, oferecendo uma nova experiência de consumo para que o público entenda se o discurso é legítimo ou maquiado.
Outra possibilidade de uso inclui os produtores de conteúdo, que em uma rede deste tipo poderiam ser remunerados automaticamente, sem intermediários, com microtransações geradas a partir do consumo de seu material. Uma música, um vídeo ou qualquer outro tipo de produto que possa estar na web.
No que se refere a comunicação científica em 2017 a Digital Science publicou um relatório intitulado “Blockchain for Research” que descreve importantes iniciativas neste campo. De acordo com a publicação a ‘cadeia de blocos’ tem potencial para resolver alguns problemas da área tais como elevados custos, a abertura e a acessibilidade universal a informações científicas. Saiba mais aqui.
Para o jornalismo também parece haver possibilidades. Um exemplo é a start-up holendesa Publicism que desenvolve uma plataforma que deve permitir que os jornalistas publiquem e financiem de modo seguro o seu trabalho, garantindo o anonimato das fontes e dos próprios jornalistas, beneficiando a liberdade de imprensa.
No que diz respeito à navegação como um todo uma rede com essa tecnologia pode eliminar os anúncios e/ou direcioná-los a quem os deseja. Isso é o que já acontece com o Brave, uma navegador de código aberto que bloqueia anúncios e rastreadores de sites, promete devolver ao usuário o controle de suas informações e, para o futuro, propõe a adoção de um modelo de negócio que deve remunerar aqueles que o utilizarem.
Dificuldades
As possibilidades vêm também com algumas barreiras. Uma delas é a velocidade de processamento das informações, especialmente se o intuito for inseri-las em uma cadeia de suprimentos para storytelling. Além disso, há a ausência de uma regulamentação e a falta de profissionais para lidar com a tecnologia. Sem falar no grande desafio de combinar lucro e privacidade.
Uma coisa é certa, assim como se descobriu como lucrar – e muito – com o ambiente da Internet também se revelará como exatamente essa tecnologia pode movimentar a economia da comunicação na web. É só questão de (pouco) tempo.
Fontes:
Blockchain trará mais transparência para a comunicação
Como o blockchain afeta o setor publicitário
O impacto do Blockchain nos meios de comunicação digitais
#ParaTodosVerem – Sobre um fundo branco há uma espécie de rede, formada por várias linhas ligadas por vários círculos em azul. No centro está escrito “blockchain”.