Com mais frequência do que gostaria me pego dizendo que estou cansada. E você? Bem, há mais de um ano o trabalho formal, pelo qual recebo mensalmente, invadiu a minha casa e se somou ao trabalho doméstico, ao cuidado com o filho e ao meu universo particular. A pandemia definitivamente aumentou o meu cansaço e, provavelmente, o seu também. Especialmente se você é mulher.

Uma pesquisa realizada pela Gênero e Número e SOF Sempreviva Organização Feminista demostra que as dinâmicas de vida e trabalho das mulheres se contrapõem ao discurso de que a “economia não pode parar”. Nós não só não paramos, como ficamos ainda mais sobrecarregadas.

Dentre os resultados destaca-se que 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém na pandemia e 72% afirmaram que aumentou a necessidade de monitoramento e companhia. Isso sem tocar nas desigualdades raciais e de renda que marcam a vida e o trabalho das mulheres nesse período, além das diferentes experiências entre aquelas que vivem nas cidades e nas comunidades rurais.

Entretanto, a verdade é que essa sobrecarga não é simplesmente consequência da nossa atual situação sanitária, mas sim de um modelo social patriarcal tão enraizado na nossa cultura que muitas vezes sequer percebemos. E ela tem nome! Chama-se carga mental, um trabalho permanente, exaustivo e invisível.

Um quadrinho criado pela quadrinista francesa Emma Clit desenha o problema. Clique aqui e conheça a tradução feita pela equipe do Bandeira Negra. Ah! E não deixe de compartilhar com todes que você conhece, especialmente homens.

#ParaTodosVerem – A imagem em destaque é uma ilustração de uma mulher com a feição cansada sobre um fundo branco e com roupas e amontoadas coloridas a sua frente. Acima da imagem há o título “Era só pedir” e ao lado da mulher a fala “Ah, não…”. No canto inferior direito há uma bandeira preta com um círculo preto em volta e o título Tradução Bandeira Negra.