A pobreza menstrual é um conceito recente, com um histórico extenso. Menstruação é um tabu ainda hoje. Pessoas que menstruam ainda têm dificuldades de falar sobre, por mais que seja algo natural do corpo. E por estar envolta em tabus, crenças religiosas, estigmas, falta de dados e desinformação, problemas relacionadas com saúde menstrual são negligenciadas.
Segundo relatório da Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a “Pobreza menstrual é um conceito que reúne em duas palavras um fenômeno complexo, transdisciplinar e multidimensional, vivenciado por meninas e mulheres devido à falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento para que tenham plena capacidade de cuidar da sua menstruação.”
Segundo esse relatório, os principais fatores que estão relacionados a pobreza menstrual são:
- Falta de acesso a produtos de higiene menstrual, absorventes descartáveis, sabonete, papel higiênico, entre outros;
- Falta de saneamento básico (água encanada e esgotamento sanitário), ausência de banheiros seguros e em bom estado de uso, coleta de lixo;
- Carência de serviços e medicamentos para cuidar de problemas menstruais;
- Insuficiência ou incorreção nas informações sobre a saúde menstrual e autoconhecimento sobre o corpo e os ciclos menstruais;
- Tabus e preconceitos sobre a menstruação que resultam na segregação de pessoas que menstruam de diversas áreas da vida social;
- Tributação sobre os produtos menstruais e a mercantilização dos tabus sobre a menstruação com a finalidade de vender produtos desnecessários e que podem fazer mal à saúde;
- Efeitos desmoralizador da pobreza menstrual sobre a vida econômica e desenvolvimento pleno dos potenciais das pessoas que menstruam.
Além desses fatores, a pobreza envolve outros motivos como desigualdade racial, social e renda. Lares que vivem uma vulnerabilidade social e alimentar, em que a renda é menor, não priorizam itens de higiene menstrual, que compromete parte do orçamento, já que o mais importante é a alimentação, conforme o estudo.
Uma consequência direta dessa pobreza menstrual é a evasão escolar por parte das meninas, uma vez que deixam de ir à escola por conta do período menstrual por falta de absorventes. Cerca de 321 mil alunas no Brasil, segundo o estudo, não têm banheiros em condição de uso nas escolas. Além dessa dificuldade também não há sabonetes e papel higiênico.
Todos esses motivos tiram o direito de muitas pessoas que menstruam do convívio social e escolar. Agora, se pensarmos em mulheres que vivem em condições de rua ou em presídios, menstruação se torna um transtorno imenso. Para mulheres encarceradas, o Estado não fornece absorventes ou outros itens de higiene menstrual.
O que fica desse estudo é como vivemos uma desigualdade menstrual no Brasil e como ainda há tabu e falta de informação para quem começa a menstruar. Há algumas empresas e coletivos que estão trazendo essa temática e ajudando pessoas que menstruam. Como é o caso da marca Always, que criou uma campanha #MeninaAjudaMenina. Na compra de um pacote de absorvente, a marca doa outro.
É interessante pensar por que nas escolas, ou postos de saúdes não se fornece absorventes gratuitamente? Uma vez que menstruar é um evento regular na vida de muitas pessoas. Não é uma escolha, ainda mais quando se vive em vulnerabilidade social.
Para quem tiver interesse no relatório da UNICEF e UNFPA clique aqui
#ParaTodosVerem a imagem tem fundo vermelho escuro, no cento um X em cinza e por cima escrito em branco: Pobreza Menstrual. No canto superior esquerdo, há a imagem de um absorvente com um sinal de bloqueado e no canto inferior direito um útero com o mesmo sinal de bloqueado, dando sentido de que não se tem permissão de menstruar.