Minha linha do tempo matinal

Produzido por Juliana Thomaz

Depois desse infográfico com o histórico de leis que libertavam os negros no Brasil, podemos perceber que nunca foi o objetivo do governo libertar, foram coagidos a isso. Criando várias leis ao decorrer do sec. XIX, muitas delas eram ineficiente na prática, foram criadas com o objetivo de amenizar a pressão que o governo brasileiro sofria de outros país, em especial a Inglaterra, para acabar com a escravidão, por conta disso ficaram conhecidas como “lei pra inglês ver”.

Desde a “descoberta” do Brasil, a base da nossa economia, política, cultura, estrutura social e até a nossa construção estética é pautada na escravidão. O nosso vocabulário é exemplo disso, já que há muitas expressões e palavras racistas, como: denegrir; mulato (a); inveja branca; humor negro; cor do pecado; criado mudo; negro de traços finos. Clique aqui para entender melhor esses termos.

Pensar o racismo, ainda mais no Brasil, é complexo e exige esforço; que nem todos estão disposto a oferecer; de entender que todos nós somos racistas. Vamos entender isso. Por ser estrutural e estar enraizado em nossa cultura, aprendemos e reproduzimos esses hábitos e falas, mesmo sendo negro. O que não nos ensinam é que esses hábitos e falas ferem, marginalizam, tira oportunidades e tira a autoestima de várias pessoas todos os dias.

Ser racista é um problema, mas o erro maior está em não querer mudar, banalizar ou se colocar no papel de vítima; o famoso racismo reverso. Em algum momento vamos ser racista na fala, no gesto, até em pensamento, mas normalizar essas atitudes é mais perigoso. O exercício de se questionar, aprender, de procurar informações, entender e mudar é imprescindível. É um aprendizado diário e nem todos estão dispostos.

Racismo Estrutural, o que?

Muitos não entendem o conceito de racismo estrutural. E realmente é bem complexo de entender. Basicamente é uma forma de normalização da descriminalização nas estruturas sociais, se refletindo nas políticas publicas, acesso á educação, cargos de poder, entre outras esferas. O vídeo abaixo do Silvio Almeida, filósofo do direito e presidente do Instituto Luiz Gama Silvio Almeida, em 10 minutos explica melhor o que é o racismo estrutura 

O racismo estrutural atua em diversas camadas e dimensões, no qual pessoas negras estão na base dessas estruturas e a branquitude se  vale dessa posição, tendo acesso a educação, cultura, graduação, saúde, nas esferas de poder são maioria. E não se incomodam com essa situação, pelo contrário normalizam essa situação. Como os negros não se esforçassem o suficiente, ou como se não tivesse nada a ver com isso.

Lei Aurea foi impotente para dar o apoio necessário aos escravos libertados para adaptar e participar da sociedade. Em outras palavras, os ex escravos não receberam nenhuma indenização ou compensação de seus “ex proprietários” ou do Estado. Antes da abolição da escravidão, os escravos eram proibidos de possuir propriedade ou receber uma educação; mas depois de serem libertados, eles se organizaram para fazer seu próprio caminho. Sem educação ou representação política, os ex escravos lutaram, e ainda lutam, por um status econômico e social igual ao de outras comunidades da sociedade brasileira.

Quando se analisa a política, por exemplo, vemos homens brancos, em sua maioria de classe alta, ocupando os espaços. Esses políticos não vão pensar políticas públicas, leis ou ações afirmativas que venham contra os privilégios brancos, como cotas nas universidades públicas, em concurso e afins, porque isso “retira” a oportunidade de um branco ingressar nessas vagas, e sem falar que incomoda o cidadão de bem e conservador.

Por isso se considera o racismo estrutural tão bem engendrado, porque precisa de uma análise refinada e conhecimento das esferas publicas, um olhar mais atendo aos espaços, um senso crítico que é dado pela educação. Educação essa que é negligenciada e negada.

O que mudou da Lei Áurea até agora?

Após a abolição, os escravos libertos não tiveram ações afirmativas ou ações de integração na sociedade. Foram libertos e deixados sem educação, sem poses, largados à própria sorte. Esse abandono do estado fez com essas pessoas fossem pras periferias, por não terem educação se submeteram aos empregos mal remunerados. Todo esse abandono pensado, se reflete hoje, nas favelas, nas universidades, na política, nos cargos de poder, na saúde, em várias esferas.

2003 começaram políticas afirmativas de cotas raciais, para o ingresso em universidades federais. Essa iniciativa gerou muito debate público, alguns contras outros a favor. Independente do posicionamento as cotas tiveram um grande papel de ingresso de pessoas negras na universidade.

Em sequencia tem a criação do ProUni e o fortalecimento do Fies, o que também facilitou o ingresso de negros nas universidades privadas. Todas essas ações são um avanço importante, porém ainda há muito o que fazer para trazer equidade racial.

Ainda há muito a pensar e reivindicar, há mudanças de comportamento que precisam ser mudadas, falas que precisam ser repensadas. A abolição foi importante, mas não bem pensada e bem executada, agora cabe a nós tentar amenizar as consequências. A luta continua!

Fica algumas indicações de post aqui do comunica pra vocês verem mais sobre o tema.

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA ONTEM, HOJE E AMANHÃ

SPFW FAZENDO E NÃO APENAS FALANDO

COTA NÃO É ESMOLA!

Fonte:

Políticas de ações afirmativas de corte racial no Brasil (uol.com.br)

Racismo estrutural, o que é? Tipos, causas e história (r7.com)

Le 13 mai 1888, la “Lei Áurea” abolissait l’esclavage au Brésil (nofi.media)

#paratodosverem

Foto de capa: Close de uma mão negra, com os punhos cerrados e uma corrente em volta.