Mesmo com sua eficácia não comprovada cientificamente e com um número preocupante de pessoas na fila de transplante de fígado, resultado do uso do kit covid, muitas pessoas e até instituições da educação ainda insistem em disseminar a falácia do tal “tratamento precoce”.
Para você que não sabe do que eu estou falando, vou explicar melhor. Com a pandemia, o número de fake news só aumentou, de forma ainda mais triste, envolvendo a saúde de milhares de pessoas. O chamado de “Kit Covid” pelos seus defensores (entre eles o Presidente Jair M. Bolsonaro), inclui entre os remédios indicados indevidamente: ivermectina, hidroxicloroquina, azitromicina e anticoagulantes. De acordo com a reportagem da BBC News Brasil, que conversou com profissionais do Hospital das Clínicas, do Albert Einstein e do Emílio Ribas, o uso do kit cria uma falsa segurança nos contaminados, que deixam para procurar o serviço de saúde apenas quando a infecção se intensifica e o pulmão já está comprometido.
Trazendo o assunto para ainda mais próximo de nós, os resultados na cidade de Maringá não é diferente. Conversamos com a enfermeira Adeline Rocha e a fisioterapeuta Maria Milena Calsavara, ambas atuantes da linha de frente na cidade.
“Já vi vários pacientes que desenvolvem hepatite por conta dos medicamentos, insuficiência renal é muito comum também, diarreias e problemas no coração. A parte renal e hepática às vezes fica comprometida para sempre”, conta a fisioterapeuta.
A enfermeira Adeline, deixa seu vídeo de alerta e desabafo:
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) também não reconhecem ou indicam o uso do “kit Covid”/”tratamento precoce”.
A ciência não está parada em meio a todo esse caos. Em contrapartida da desinformação, o Comunica conversou com o professor Luiz Fernando Cótica, do departamento de física da UEM, que junto aos professores Ivair Aparecido dos Santos, Gustavo Sanguino Dias e o aluno Daniel Matos Silva do curso de física, desenvolveu no ano passado o “Capacete de Oxigênio”, que contribui para a recuperação de pacientes com Covid-19 com um quadro de insuficiência respiratória de média gravidade.
De acordo com Cótica, eles observaram que na Itália era utilizado um tipo de capacete no tratamento, que parecia um capacete de mergulho, mas não tinha disponível no Brasil. “Como a importação de equipamentos era inviável, começamos a fazer o nosso próprio capacete. Então adotamos uma impressora 3D para gerar as válvulas específicas do equipamento”, explica.
Os aparelhos trazem mais conforto aos pacientes, contribuindo para a recuperação em situações de isolamento de corte (separação de doentes da Covid-19 em uma mesma enfermaria ou área), com redução significativa do tempo de internação e de gastos na saúde.
“Nos testes do equipamento que já tinha sido aprovado, os fisioterapeutas já observaram a melhora dos pacientes”, conta o professor Luiz.

Foto: José Roberto (fotógrafo do HU)
É importante ressaltar que os capacetes são sempre doados aos hospitais, sendo públicos ou privados. Para que esse projeto continue acontecendo, a equipe conta as contribuições feitas à Associação Amigos do H.U. Acessando o site você também pode doar e ajudar esse projeto que já atendeu diversos estados do Brasil, de Santa Catarina até Minas Gerais. E não esqueçam: continuem se cuidando.