21 de setembro de 2020. Completa-se dois meses do início dos incêndios no Pantanal.
De acordo com uma matéria do G1, os incêndios no Pantanal, que ganharam notoriedade na mídia recentemente devido sua gravidade, na verdade tiveram início dia 21 de julho de 2020. Coincidentemente, as queimadas completam exatos dois meses no mesmo dia em que se é celebrado o Dia da Árvore no Brasil, data criada pelo governo federal como um lembrete sobre a conscientização e preservação do meio ambiente e seus biomas.
A matéria também nos conta que, só no ano de 2020, 15.756 focos de calor foram identificados no Pantanal, ultrapassando todos os recordes anteriores desde que o monitoramento começou a ser feito em 1999. Segundo o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) 2,9 milhões de hectares foram queimados neste período, correspondendo a mais de 19% do bioma devastado, o que é equivalente a 19 vezes a cidades de São Paulo.
Já quando vamos falar sobre lugares específicos dentro do Pantanal, como o Parque Estadual Encontro das Águas, que abriga grande concentração de onças-pintadas, dados nos mostram que a destruição alcançou 85% dos cerca de 108 mil hectares, segundo cálculos do Instituto Centro de Vida. Essa reserva é considerada como o lugar com a maior concentração de onças-pintadas do mundo, porém, durante últimas semanas, o local se tornou extremamente perigoso para os felinos.
Para além das onças-pintadas, o bioma do pantanal também é lar de 2 mil espécies de plantas, 300 espécies de peixes, 44 espécies de anfíbios, 127 espécies de répteis, 656 espécies de aves e 174 espécies mamíferos. Abrigando uma das maiores biodiversidades do nosso país, vemos o Pantanal arder em chamas sem ao menos um auxílio oficial do governo, que só admitiu a gravidade do atual cenário na última quinta-feira, 17, praticamente dois meses após o caos se instaurar.
O Pantanal queima enquanto espera por um milagre, quanto mais o fogo se alastra mais matéria seca deixa para trás, o que serve como combustível para novos focos de incêndio e assim vemos nossa fauna e flora perecendo em um ciclo eterno de dor e destruição.
As chuvas sazonais que poderiam salvar o que sobrou tem promessa de chegar em outubro, época de alagamento no bioma. Os famosos rios voadores são a fonte de esperança que atingem todo ano o planalto e a planície pantaneira. Formados por massas de ar carregadas de vapor da água, eles passam em cima das nossas cabeças carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Entretanto, com as queimadas dos anos anteriores na Amazônia, os rios voadores perderam sua intensidade e chegam em quantidades infinitamente menores do que costumavam ser, trazendo níveis baixos de chuva para região.
Vamos conversar sobre as causas desse aumento de focos de incêndios e queimadas? Existem sim alguns processos naturais de queimada causado pelos materiais secos em contato com temperaturas muito altas, mas a causa majoritária é antrópica, ou seja, causada pelo contato do homem com a natureza. Isso tudo devido a uma pecuária intensiva nas áreas do Pantanal que retira a cobertura vegetal nos campos mais elevados (planalto) a substituindo por pastagens plantadas para produção de gado. Além disso, os pecuaristas também drenam algumas áreas comumente alagadas para deixá-las mais secas e garantir pastagem perene (durante o ano todo).
Por razões óbvias de sobrevivência ambiental tais práticas são ILEGAIS segundo nossa legislação, porém, com o atual governo os órgãos governamentais de fiscalização perderam sua força e a aplicação de multas para crimes ambientais caiu na mesma proporção que o desmatamento cresceu. Para corroborar com o enfraquecimento da fiscalização, o novo governo nomeou vários militares para superintendência do Ibama em diferentes estados, como o caso do coronel da reserva Walter Mendes Magalhães no estado do Pará, que assinou licenças ambientais contrárias a normas do próprio Ibama para liberar a exportação de madeira, tudo isso em concordância a interesses da bancada ruralista.
Sem a ajuda (obrigatória, diga-se de passagem) do governo federal, muitas Organizações Não Governamentais e voluntários estão se mobilizando para tentar cessar o fogo e os focos de incêndio e salvar os animais que estão lutando por sobrevivência em meio às chamas. O trabalho está sendo intenso e os voluntários estão imparáveis, mas ainda existem muitas limitações. O Pantanal é responsabilidade de todos, precisamos nos unir para salvá-lo. E como podemos fazer isso?
O passo mais primordial e efetivo em longo prazo é votar de forma consciente em candidatos que mostram preocupação extrema com a pauta do meio ambiente e também cobrar governadores, prefeitos e representantes de estado sua responsabilidade com o nosso ecossistema. Para uma ajuda mais imediata voltada para o Pantanal, o Comunica vai deixar uma série de links para vaquinhas, doações, sorteios e outras informações aqui em baixo. Confere aí:
- RIFAS DE MARINGÁ COM VALOR DESTINADO PARA AUXÍLIO NOS INCÊNDIOS DO PANTANAL
- COMPRE UMA GRAVURA E O VALOR SERÁ CONVERTIDO PARA OS INCÊNDIOS NO PANTANAL
- DOE PARA INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO ALTO PARAGUAI
- ACOMPANHE O BLOG PARA O MONITORAMENTO DAS QUEIMADAS
- ASSINE O ABAIXO-ASSINADO “PANTANAL ESTÁ QUEIMANDO
- A Comitiva Esperança leva alimentos, produtos de higiene e informação às comunidades carentes do Pantanal e do Cerrado
- INSTITUTO ACAIA PARA DOAÇÕES
- WWWF-BRASIL
Vamos comemorar o Dia da Árvore de forma efetiva, lutando pela sobrevivência da nossa biodiversidade!