Descrição da capa: Imagem tirada de uma reunião online; fundo preto com letras em fundo colorido, que representa cada pessoas da reunião, as quais estão com a câmera desligada.

Educação em Tempos de Isolamento

Há dois meses entrei para o ComunicaUEM com a proposta pessoal de explorar melhor meus estudos na matéria de jornalismo, colocando-os em prática. Como o momento é atípico, todas as entrevistas que realizei até agora foram por meio de videoconferências, e quase todas também ocorreram sem muitas interrupções externas. No começo do mês de junho me propus a trabalhar o tema da educação na pandemia, mais precisamente sobre a educação remota que está sendo ofertada por algumas instituições de ensino durante o período de isolamento.

A nem tanto coincidência foi que justamente quando eu estava entrevistando o professor Patrick sobre os percalços do ensino remoto a internet falhou, nossa conexão caiu e demoramos pelo menos alguns bons minutos para darmos continuidade à nossa conversa. Minha singular má experiência com encontros online é irrisória se comparada a todas as adversidades que encontramos quando analisamos as condições de estudo do alunado brasileiro, e é com esse mínimo contratempo em minha entrevista que eu dou início ao texto.

Para me ajudar na compreensão do tema, conversei com dois professores: a primeira, professora efetiva na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ligiane Silva; e o segundo, ex-coordenador do curso de Publicidade na Uninter e em processo de doutoramento para Comunicação e Linguagem: estudos em audiovisual pela Universidade Tuiuti do Paraná, Patrick Diener.

Logo de início, ambos frisaram uma importante diferenciação terminológica, que muitas vezes é confundida na hora de tratarmos o fenômeno pelo qual estamos passando: a Educação à Distância X o Ensino Remoto.

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Ligiane Silva

Descrição da imagem: Mulher branca sorrindo, de cabelos escuros, penteados para o lado direito, olhos castanho escuros, no pescoço um echarpe azul, aparentemente sentado em um sofá.

Educação à Distância X Ensino Remoto

A Educação à Distância é uma modalidade própria de ensino e aprendizagem, que demanda uma estrutura voltada para si, com a utilização de plataformas digitais de ensino capacitadas para que aconteça ali a interação entre alunos, tutores e professores. A modalidade exige também cursos de preparação para professores, ferramentas acessíveis, um fórum de discussão, materiais didáticos específicos para o modelo EAD e alunos que tenham acesso a todos esses elementos e tecnologias. Já o ensino remoto é uma medida emergencial, pensada em adequar a modalidade da educação presencial para tempos de isolamento social, oferecendo algumas aulas por videoconferência, online ou mesmo pela televisão, como no caso dos alunos que estudam na rede pública do Paraná.

PATRICK: A grande diferença é essa, a Educação à Distância oferece um ensino mais abrangente, completo e pensado para tal, como uma modalidade de aprendizagem, enquanto o ensino remoto não é modalidade, é uma parte de um plano de emergência para o ensino presencial.

Ao entrarmos no tema Educação à Distância, a doutora em Educação, Ligiane Silva, ressaltou a importância de entendermos que a modalidade de ensino no Brasil, ao menos nesse modelo, parecido com o que conhecemos hoje, se deu a partir das universidades públicas, uma vez que “algumas regiões do Brasil não possibilitavam acesso a um curso de graduação para a maioria de seus habitantes. A Educação a Distância pública, então, assumiu um papel importante, o papel de democratizar e interiorizar o ensino superior, principalmente cursos de licenciatura, atendendo a uma demanda por formação de pessoal para o magistério brasileiro”, discorre Ligiane.

A professora também salienta que, com o tempo, outros perfis de pessoas e instituições passaram a se interessar pela modalidade. Contudo, a oferta de cursos a distância em instituições públicas não representa uma tentativa de substituição do ensino presencial por outra modalidade. Trata-se de uma oferta paralela que, de início, visava equacionar o problema da falta de acesso de muitos brasileiros e brasileiras ao ensino superior e que, paulatinamente, foi se expandindo e alcançando outros locais e outras pessoas.

Partes afetadas: Alunos, professores e familiares

Alunado

Agora que entendemos que para uma boa educação à distância, precisamos de todas as ferramentas e processos de preparação acima citados, e que o ensino remoto ofertado atualmente não abrange tais requisitos, fica mais fácil de inferir as possíveis dificuldades enfrentadas pelos professores, alunos e até mesmo pelas famílias desses últimos.

Começamos por analisar a característica do alunado das escolas públicas brasileiras que, “em sua maioria, é oriundo da classe trabalhadora e se encontra em uma situação socioeconômica pouco favorável, cujos membros da família, muitas vezes, estão no trabalho informal ou que agora ficaram desempregados. Alunos que nem sempre têm um computador, ou têm um celular, mas esse celular não dá condições de realizar todas as atividades que a escola propõe, ou não têm acesso à internet e aos materiais e recursos gerais necessários ao estudo, ou o acesso é bastante restrito, sem contar a dificuldade de muitos para organizar um espaço domiciliar adequado às aulas”, nos conta a doutora em Educação, Ligiane Silva.

Tais características podem ser confirmadas por meio da pesquisa “TIC Domicílios 2019”, realizadas pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), que mostrou que um quarto da população brasileira, ou seja, aproximadamente 30% dos lares no Brasil ou mais de 20 milhões de domicílios, não têm acesso à Internet. O estudo também salienta uma diferença gritante do acesso à internet entre as classes sociais: em famílias com renda de até um salário mínimo metade não consegue navegar na rede em casa. Na classe A apenas 1% não tem conexão.

Uma pesquisa feita pelo IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018 (Pnad)) evidencia um outro problema enfrentado pelo alunado brasileiro, que nas classes de baixa renda, da qual deriva boa parte do grupo, não encontram espaço suficiente em suas casas para se dedicar ao estudo. Os dados apontam que 15,1% das residências em que há adultos e crianças abrigam seis ou mais pessoas. Em 40%, há mais de três moradores por dormitório. Além disso, há a falta de equipamentos, como computadores, notebooks, celulares e até mesmo televisão; a falta de conexão com a Internet como mostrado antes; e os baixos índices de leitura entre os alunos que dependem da ajuda dos professores para o entendimento completo das atividades.

Deste modo, sem Internet, sem suporte tecnológico, sem compreensão completa do conteúdo e sem um lugar adequado para estudar, 47 milhões de famílias brasileiras podem ter seus filhos excluídos da educação básica por não terem acesso à educação a distância.

Patrick Diener

Patrick Diener

Descrição da imagem: Homem branco; barba e cabelo loiro, usando óculos escuros, com calça jeans bordo e camiseta cinza; parado, em uma parede rosa, entre duas janelas, com o pé levemente apoiado na parede e com as mãos nos bolsos da calça. O chão de padrões em preto e branco em formato de ondas.

Docentes

O outro lado dessa moeda é formado pelos professores, que também enfrentam percalços técnicos e pedagógicos na adaptação à atual realidade. O relato de Patrick, um professor que trabalha com EAD anteriormente a pandemia, é esclarecedor, uma vez que nos mostra que nem mesmo ele, acostumado com as plataformas e com uma modalidade de educação não presencial, ficou livre de diversos problemas para realização das aulas.

PATRICK: “Apesar de eu já trabalhar com o EAD por tantos anos, ainda assim eu tive certa, não necessariamente dificuldade, mas tive que passar por um processo de adaptação, para transformar aquele EAD que a gente tinha, com uma estrutura própria da instituição, estúdios todos muito bem equipados e o apoio de uma equipe muito grande. Tive que transformar minha sala de estar em um pequeno estúdio, e eu tenho que operar tudo isso sozinho.

Para você ter uma ideia eu não tinha um notebook…. as aulas que eu estou dando desde o início do isolamento estão sendo de um notebook emprestado. Eu não tenho uma webcam no meu desktop do escritório para fazer aula de lá, eu não tinha uma iluminação adequada… a sorte é que algum tempo atrás eu tive uma produtora de vídeos e eu pude utilizar uns equipamentos de lá. Mas que professor que tem esses recursos em casa? Há limitações e dificuldades a serem superadas inclusive para quem já tem experiência no EAD, imagine então para quem não tem”.

As aulas da rede pública do estado do Paraná, como citado antes, estão sendo transmitidas por canais de televisão abertos, como uma forma de contornar as limitações do acesso à internet por parte dos alunos. Isso exige, como Patrick brincou em nossa entrevista, que os professores “tirem água de pedra” para ter uma adaptação ao meio: uma câmera a sua frente, nenhum aluno interagindo e utilizando-se da voz o tempo da aula inteira, sem conversar, sem uma troca dinâmica, porque os alunos estão na frente da TV.  Esse novo formato exige do professor uma reavaliação inteira do cronograma planejado no início do ano para o decorrer da matéria, a forma de conduzir as disciplinas, formas de avaliar, formas de acompanhar a presença ou não desses alunos, e também repensar condutas que tinham sidos acordadas lá no início do semestre, “porque agora você não sabe se o aluno, do outro lado, está tendo acesso aos conteúdos que você disponibiliza”, expõe Ligiane Silva.

Percebe-se que apesar da competência dos professores, um treinamento para a utilização de recursos e também um treinamento didático se faz necessário para que a aula seja bem aproveitada. “A atenção do aluno não consegue ser retida por muito tempo em sala de aula normal, presencial, imagine assistindo à televisão em casa. Talvez com uma casa que comporte 4 pessoas ao mesmo tempo, pai, mãe, irmão, barulho talvez, quantos aparelhos de televisão há nessa casa, os pais vão deixar assistir TV para aula enquanto eles querem ver outra coisa? Tem tudo isso, a preparação desses professores para EAD envolve várias coisas, não só saber lidar”, finaliza Patrick.

Familiares

Com a ausência da presença física dos professores para o acompanhamento dos alunos, muito deste trabalho acaba sendo depositado na pessoa mais próxima a ele: mãe, pai ou o responsável que esteja disponível. “Em relação às crianças pequenas, em especial – educação infantil, primeira etapa do ensino fundamental –, a presença do adulto é imprescindível para o avanço do processo de aprendizagem e desenvolvimento”, comenta a professora.

Então, além da falta de recursos, o aprendizado fica em déficit porque muitos desses responsáveis, que agora receberam a tarefa extra de auxiliar na formação educacional da criança, por diversas vezes não têm tempo disponível (vale ressaltar que o isolamento não se aplica a todas as famílias do Brasil, uma vez que muitos pais não têm a opção do teletrabalho) e também não têm o devido preparo e formação para fazer o acompanhamento.

No Brasil, de acordo com pesquisas do IBGE, até 2018, mais da metade da população adulta (52,6%), com 25 anos ou mais, ainda não completou o Ensino Médio e 9,2 milhões (6,9%) deles não têm instrução formal. Além disso, 4,2 milhões (33,1%) de brasileiros (aqui levando em consideração a totalidade da nossa população e não uma parcela como no primeiro dado) não terminaram o Ensino Fundamental e 16,8 milhões (12,5%) não haviam concluído o Ensino Médio até o ano de 2018. Ou seja, o ensino remoto exige que um adulto, de acordo com os dados, sem uma formação completa, ajude uma criança a compreender e aprender assuntos que ele mesmo não tem conhecimento.

LIGIANE: “E a educação de uma criança é um processo muito complexo, não é somente você pegar um livro didático e fazer o acompanhamento de atividades. Envolve aspectos muito mais abrangentes que, no espaço doméstico, sobretudo se for precário, sem a presença de um adulto com formação específica para orientar, não se efetivará a contento”.

Precarização da educação pública X Pandemia X Direito universal de estudo

Todos os dados expostos até agora não têm somente a função de justificar uma razão instrumentalizada por meio de respostas consideradas objetivas, a fim de dar credibilidade ao argumento defendido, argumento este de que o Ensino Remoto Emergencial não é adequado e ideal para o momento. Pretendo também, a partir deles (0s dados), gerar uma reflexão dos caminhos que a educação brasileira vem tomando desde antes da pandemia, os valores a serem defendidos por ela e possíveis soluções. Por isso, ao debatermos sobre a educação remota ofertada no Brasil, é impossível contornar a discussão do projeto de sucateamento da educação pública que vem sendo implementado há anos no nosso país, como se as duas não tivessem relações diretas.

Perguntei à doutora em Educação, Ligiane Silva, se ela acredita que o ensino remoto pode reforçar a precarização da educação pública já existente. Ela nos explicou que, para compreendermos a acentuação da precarização durante a pandemia precisamos saber que a escola pública vem sendo perseguida e atacada de duas formas: concreta e ideologicamente. Em relação à dimensão concreta, o ataque ocorre por meio da falta de recursos destinados à área:

LIGIANE: “Na medida em que os recursos não chegam, não há como garantir a manutenção necessária, desenvolver grande quantidade de projetos de impacto, realizar concursos. É essa estrutura que permite à escola pública, à universidade, cumprir a sua função social de transmitir o conhecimento científico e também de produzir conhecimento novo, produzir ciência e tecnologias. A limitação dos recursos gera esse processo de sucateamento que as instituições públicas de ensino no Brasil têm vivenciado.

Ideologicamente, a perseguição se dá pela construção da imagem de uma instituição falida e até mesmo perigosa, “doutrinadora”, atualmente disseminada pelos meios de comunicação de massa. Tal discurso é edificado atendendo a objetivos maiores, a interesses de lideranças políticas pouco ou nada comprometidas com a educação popular, por vezes determinadas a favorecer o empresariado do ensino que se expande cada vez mais em nosso país.”

Ao analisarmos o cenário da educação brasileira, encontramos um ensino público sem recursos e estrutura já antes mesmo da crise mundial se estabelecer, com uma propaganda ideológica que ataca de todos os lados sua atuação, e então adicionamos o fator da necessidade das aulas remotas devido ao isolamento. Fica claro que nosso sistema educacional público não está preparado para comportar as mudanças exigidas e oferecer um ensino de qualidade e que contemple todos seus alunos, enquanto as instituições privadas, nessa perspectiva mercadológica, vão se ajustando e se adaptando para oferecer “oportunidades”, frisando bastante as aspas, como a própria professora fez durante a entrevista, uma vez que seu formato de ensino vai ao encontro de valores liberais e tecnicistas, ao invés de pensar em uma educação autônoma e emancipadora. Os recursos e investimentos vêm do setor privado, não lhes falta estrutura, ao mesmo tempo em que também não há uma frente ideológica os atacando, quando, na verdade, esta mesma mídia incentiva e reconhece um valor no futuro da educação privada.

Tais posicionamentos não se dão à toa, posto que grandes empresários e donos de monopólios educacionais estão muitas vezes ligados ao governo e a grandes emissoras de televisão. Exemplo é a irmã do atual ministro da economia, Elizabeth Guedes, que é presidenta da Associação Nacional de Universidades Privadas (Anup), entidade que representa monopólios educacionais (Anhanguera, Estácio, Kroton, Uninove e Pitágoras.)

“Quem sai ganhando, evidentemente, como sempre, neste tipo de conflito, são os interesses privados, do setor privado de ensino superior, sobretudo o mercado educacional constituído no Brasil, que oferta vagas e matrículas em instituições de baixo custo, mas também de baixíssima qualidade. E essas instituições acabam culpando justamente esse espaço que é deixado pela oferta pública, na medida em que elas visam suprir essa demanda de jovens e adultos por um diploma superior. E a maior lucratividade aqui se encontra na oferta de educação superior à distância” explica Salomão Ximenes, professor de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC).

O cenário da crise sanitária e econômica mundial aparece como uma oportunidade para disseminar a ideia de que a educação à distância (do modo como instituições privadas concebem o EAD, como um serviço) e as tecnologias de comunicação e informação foram a solução nos momentos de crise. E como quem pode ofertar com melhores infraestruturas são as instituições privadas “é possível que seus representantes identifiquem o cenário atual como oportunidade para a autopropaganda e a oferta de formação a distância para todos os bolsos e interesses. No entanto, o que não se pode garantir é a qualidade desses cursos”, completa Ligiane Silva.

Limitações do ensino remoto

Para finalizarmos a nossa conversa, perguntei a ambos os professores se existiam limitações pedagógicas no ensino remoto e quais seriam elas. A resposta dos dois foi unânime: sim, existem muitas limitações neste modelo de ensino e as principais derivam do seu caráter emergencial.

Para além da falta de uma estrutura técnica própria como oferecida pela modalidade EAD, também não há, muitas vezes, uma estrutura psicológica por parte dos alunos e professores para sua realização. O ensino e a aprendizagem não são construídos apenas a partir de um bom aparato técnico de transmissão da aula, mas também necessitam de condições psicossociais favoráveis, como uma boa noite de sono, um lugar propício para concentração, uma boa alimentação e saúde, a possibilidade de se desligar das preocupações durante o momento das aulas, etc. Aspectos que não temos como exigir dos alunos e docentes durante um crise sanitária e econômica que assola fortemente o país. A falta de condições psicossociais derivada do momento díspar em que vivemos é uma de suas limitações.

Ademais, o ensino presencial (modalidade que os alunos e professores se inscreveram, escolheram e se prepararam para cursar) pressupõe (como o próprio nome já diz) presença, interação e de uma pedagogia que provem diretamente de relações fisicamente humanas. Muito dessa dimensão pedagógica se perde ao transformarmos a modalidade em Ensino Remoto. A comunicação humana se enfraquece porque nos comunicamos e apreendemos informações também por gestos, olhares, silêncio, não somente pela fala, e todos esses elementos se tornam limitados quando os subordinamos atrás de uma tela.

LIGIANE: “Temos feito o possível para garantir que, nesse momento de exceção, nossos alunos e alunas tenham o mínimo de condições para a continuidade dos estudos com certa qualidade. Entretanto, sabemos que se trata de uma medida emergencial e que, por isso mesmo, não dará conta de substituir as relações presenciais de ensino-aprendizagem dos cursos que foram pensados para funcionar presencialmente. No âmbito pedagógico, o ensino fica prejudicado. A não presença física das pessoas envolvidas impõe alguns limites, porque na sala de aula os colegas interagem, conversam, trocam ideias, olham nos olhos uns dos outros, produzem juntos, apresentam trabalhos juntos e a aprendizagem é impulsionada pelo contato com o outro também. Com o outro que muitas vezes compreendeu algo que você não e vice-versa, pelo professor que observa de perto qual é o nível de aprendizagem daquele estudante e vai instigando e provocando para conseguir fazer com que ele ascenda a um nível mais avançado no seu processo de aprendizagem.”

As entrevistas foram realizadas antes da decisão do CEP (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), a favor da retomada das aulas pelo Ensino Remoto Emergencial, o que não tira a importância e a urgência do debate realizado, pois ao pensarmos em uma retomada de um dos tripés formadores da universidade pública, o Ensino (uma vez que a extensão e pesquisa não pararam) por meio do Ensino Remoto Emergencial (ERE) acabamos por atender uma demanda voltada para produtividade, exigida por uma lógica que leva mais em conta números, tabelas e metas batidas do que necessariamente a qualidade, o resultado e a educação emancipada.

O que podemos fazer em relação a isso? Não é uma pergunta fácil de se responder, e não podemos afirmar que temos a resposta, mas o momento pede uma reflexão dos valores da educação brasileira, para quê e para quem ela é feita, discussões e debates sobre o tema são mais que essenciais no momento e por isso, o ComunicaUEM, como projeto de extensão da Universidade Estadual de Maringá, declara apoio em defesa a uma educação pública gratuita e de qualidade, que tenha como seu principal objetivo transformar, por meio do ensino e aprendizagem, seus alunos em produtores de conhecimento.