No começo do mês realizou-se na UEM a terceira edição da MAFUÁ!, a mostra de filmes universitários e amadores da UEM, que tem como objetivo viabilizar e divulgar os materiais audiovisuais produzidos por acadêmicos paranaenses, fomentando assim um público crítico de cinema e proporcionando espaços para o cinema independente. O evento aconteceu nos dias 07, 08 e 09 de outubro no bloco I12 da UEM e foi organizado pelo centro acadêmico de Comunicação e Multimeios (CACO) com a coordenação da Profª Drª Valéria Soares de Assis.

A programação do primeiro dia contava com uma palestra de Ivan Mizanzuk intitulada “Storytelling: boas práticas para boas histórias” (não deixe de conferir o Comunicast com uma entrevista com o palestrante!).

Ivan é professor de história da arte e design da PUC-PR e da Unibrasil, doutor em Design com estudos acerca de comunicação, design gráfico e tecnologia. Deu início em 2011 ao seu primeiro podcast chamado “Anticast”, focado em temas como história, política e artes, que segundo Mizanzuk tinha um formato de “conversa entre amigos”, que busca aproximar o leitor de maneira a fazer com que ele se sinta uma parte daquela conversa. Ivan sempre foi um ávido ouvinte de podcasts, entre seus preferidos estão o “This american life” e “Serial”, podcasts norte-americanos da NPR, que seguem o formato True Crime e Storytelling.

Em 2015, ele resolveu experimentar com seu próprio podcast de Storytelling, o “Projeto humanos”. Atualmente, depois de 4 anos, foram produzidas 4 temporadas, “As filhas da guerra”, dedicada a narrar a história de Lili Joffe, uma imigrante judia sobrevivente do holocausto, seguida pela série especial “A verdade nua e crua”,  que conta a história de uma mulher que teve suas fotos íntimas vazadas na internet. A segunda temporada “O coração do mundo” tratava da história de refugiados brasileiros envolvidos de alguma forma com os conflitos no Oriente Médio e a terceira intitulada “O que faz um herói”, com histórias reais de pessoas comuns que realizaram atos de heroísmo.

A quarta temporada foi a que deu maior notoriedade para Ivan e para o Projeto Humanos, intitulada “O caso Evandro”, é um projeto de “True Crime” que conta o caso de um assassinato que ocorreu nos anos 90 no Paraná. Na palestra, ele procurou falar como é a experiência desse Storytelling, ou seja, “contar histórias”, num formato como o podcast, onde tudo é narrado e é necessária uma esquematização da narração para aguçar a imaginação e o interesse, cativando o ouvinte apenas com a sua história e o jeito que você a conta. Mizanzuk afirma que qualquer história pode ser interessante, só depende do modo com que se conta, por isso ele procura construir o Projeto Humanos com histórias individuais para tratar de um conflito geopolítico maior, como o abuso de poder e o jogo político no Caso Evandro, o machismo no caso “Verdade nua e crua”. Essa maneira de mostrar uma situação social aproxima o ouvinte por meio de empatia com a pessoa que conta a sua história pessoal.

“É preciso contar uma história individual para contextualizar as diversas histórias coletivas”

img_9943-2

Ivan Mizanzuk em sua palestra. Foto: Mariana Manieri Pires Cardoso

No fim do primeiro dia, ocorreu a 1ª sessão dos filmes selecionados, que exibiu:

– Primavera de Fernanda (ficção);
– Ébero (ficção);
– Ninguém Precisa Saber (ficção);
– Sobre raízes e asas (documental);
– 1924 (documental);
– Solas (documental);
– styrofoam 01.cos (experimental);
– As amantes (experimental);
– Glicínia (experimental);
– amarelo-angústia (experimental);
– A Maldição do Zap (experimental).

 

Já o segundo dia do evento foi composto por oficinas com abordagens que envolvem o mundo dos filmes:

Oficina de Montagem e Edição:

A oficina ministrada por Iasmim Calixto e  Tiago Bianchini, estudantes de Comunicação e Multimeios da UEM, aconteceu no NPD bloco 110. Os oficineiros iniciaram ensinando um pouco a história do cinema até chegar nas montagens com o cineasta russo Lev Kulechov, responsável pela criação do efeito Kuleshov, que consistiu em provar que uma imagem não tem sentido por si só, mas sim que o que lhe atribui significado é a contextualização feita pela montagem. Depois da explicação e da apresentação de muitos exemplos foi feita uma dinâmica, onde nós fomos divididos em duplas e com ajuda do aplicativo de edição Adobe Premiere, fizemos uma montagem colocando o efeito Kuleshov em prática. Para finalizar, cada dupla apresentou seu resultado final explicando o contexto utilizado na montagem.

Oficina de Criação de Cartazes:

Ministrada pela estudante de Artes Visuais, Ana Julia Preza de Campos, a oficina de Criação de Cartazes contou com uma apresentação da análise de alguns cartazes de filmes, com o intuito de demonstrar suas dinâmicas de criação e composição. Além disso, também foram exibidos exemplos de variadas formas de colagem e artistas de referências. Para por em prática o que foi aprendido, em conjunto, formulamos um mini roteiro de um filme fictício, com suas principais características, processo que objetivava, ao final, a criação de um cartaz elaborado a partir de colagens e outros tipos de arte, que poderia ser feito individualmente ou em duplas. Cada um pôde usar a imaginação como bem entendia, aproveitando-se dos materiais disponibilizados, que incluíam: cartolinas coloridas, revistas, tintas, entre outros. Os resultados foram todos muito criativos!

Oficina de Direção de Atores:

A oficina que foi ministrada pela professora Gabriela Pereira Fragoneis, também contou com a participação dos alunos de Artes Cênicas. Nela os alunos aprenderam a como coordenar os atores para que eles demonstrem a reação pensada pelo diretor ou que está escrito no roteiro. Logo após a orientação, os alunos foram divididos em grupos de 2 até 3 diretores e 2 atores recebendo um texto para que trabalhassem diferentes emoções durante a atuação. Após o processo de familiarização com os devidos personagens desenvolvidos através de diferentes emoções, cada grupo se reuniu para gravar as respectivas cenas ajudando assim na familiarização do ator com a câmera e a do diretor com a coordenação do corpo e atuação do ator. Depois das gravações feitas, todos os alunos voltaram até o auditório para assim poder assistir os resultados de cada grupo e contarem um pouco de suas experiências durante todo o processo.

Oficina de Criação de Personagens:

Na oficina, ministrada pelo professor Tiago Lenartovicz, foram dadas dicas e sugestões de como criar um personagem consistente com uma narrativa. Foi iniciada destacando a importância do personagem para a construção de uma história e, para que ele seja bem elaborado, certos passos devem ser seguidos, como a adequação do personagem a sua história, a criação de um arquétipo (termo do psiquiatra Carl Jung que está relacionado a ideia de máscaras) evidenciando a importância de não o associarmos a estereótipos, além disso foi ressaltada a necessidade de se refletir sobre a ligação que os personagens têm um com o outro, ou seja, de nos perguntarmos se o personagem criado é relevante a narrativa. Ainda, foi frisada a importância de pensar os seus objetivos e motivações, as suas características físicas, sociais e psicológicas, ou mesmo pensar se o personagem possuirá falhas de caráter. Ele precisa ser real! Também foram apontadas informações que precisamos pensar na hora de criarmos um personagem como o seu gênero, hobbie, escolaridade, idade, melhor amigo, algo que ele odeie, entre outras coisas. A jornada do herói foi apresentada como uma forma de pensarmos a própria construção do personagem e a forma como ele se relaciona com o andamento da história. E, para relacionarmos melhor as informações e ideias, foi proposta uma atividade em que os participantes da oficina tiveram que criar um personagem e pensar numa jornada do herói para ele. Os resultados foram criativos!

 

Após a realização das oficinas, os participantes do evento tiveram mais um contato com os filmes selecionados na 2ª sessão de filmes, contando com a exibição de:

– Vale uma aldeia? (documental);
– Bicha-bomba (documental);
– Metanoia (experimental);
– Fractal (experimental);
– Casual (experimental);
– Kairos (experimental);
– Amor e Verdade (experimental);
– Cadência (ficção);
– Interferência (ficção);
– Chuva de Verão (ficção);
– Reclusa (ficção).

 

O encerramento da terceira edição da MAFUÁ ocorreu às 19h, com um fórum de realizadores e a entrega de menções honrosas a cinco curtas, sendo eles:

  • Glicínia
  • Primavera de Fernanda
  • Reclusa
  • Bicha-Bomba
  • styrofoam 01.cos

 

E aí, ansioso para mais uma edição ano que vem cheia de filmes incríveis?

Escute também o nosso Comunicast com o palestrante da edição 2019 da Mafuá!