Esse ano a Criative Jr, empresa júnior de Comunicação e Multimeios da UEM, fez a segunda edição do seu evento anual, o Rocket Jr. Em 2018, o tema do evento foi “Empreendedorismo e Marketing Digital”, enquanto na edição atual se explorou “As relações entre a arte e o mercado”. Essa foi a temática da equipe tendo em vista que muitas pessoas enfrentam dificuldades para transformar sua paixão em negócio, sendo assim, a equipe organizadora teve como objetivo levar dicas, métodos e soluções para contornar essa problemática em seu evento.

Logo no início do evento os participantes tiveram um contato direto com muita arte. Artistas foram convidados para exporem os seus trabalhos antes das palestras começarem, sendo um modo de apresentar ao público como essa área é rica e diversificada, além de colaborar no (re)conhecimento deles dentro da comunidade Maringaense. Os participantes do Rocket foram presenteados com um lettering feito na hora pela expositora Victoria Jesus, que trabalha com lettering, bem como conhecer mais de perto as tatuagens feitas pelo Tutu, desde o rascunho até o desenho pronto, bem como descobrir suas inspirações e como seu talento para o desenvolvimento de uma tatuagem também pode ser aplicado em camisetas, quadros ou no papel.

Além deles, a Fernanda Sayuri também expôs suas ilustrações, feitas com lápis e também à óleo, a Leticia Viana mostrou um pouco de seu trabalho de pintora por meio de suas telas e a Yasmin Victorino apresentou diversas fotografias que são fruto da sua profissão de fotógrafa. Após as exposições artísticas, o evento foi composto de palestras com assuntos que permeiam as questões envolvendo arte e mercado.

A primeira palestra foi “Produção Criativa”, feita por Miguel Fernando, atual secretário municipal de Cultura de Maringá e pesquisador da história de Maringá e o Norte do Paraná para o desenvolvimento do seu projeto Maringá Histórica, que conta com um site e canal no Youtube. Miguel abordou sobre os paradoxos na elaboração de projetos criativos, explicando desde as diferenças entre arte e cultura até as dificuldades encontradas no campo da gestão cultural na elaboração de projetos. Além da importância de saber colocar no papel uma ideia de maneira clara e objetiva e como o artista precisa se posicionar frente à um processo burocrático.

Considerando a criação de um projeto que seja efetivo, bem como a ocupação de Miguel na secretaria e o descaso com a arte brasileira por meio do governo federal, questionamos a Fernando qual a importância de políticas e incentivos públicos para o mercado da arte no cenário atual. Segundo ele: “As políticas públicas são peça fundamental para a sustentação, de médio a longo prazo, da formação da cena e do mercado artístico e cultural, especialmente o mercado, em que há muitos projetos de experimentação e inovação, projetos que muitas vezes não conseguem financiamento independente. Em Maringá, conquistou-se um status interessante sobre isso, vide o apoio a projetos que foram executados, que estão em execução ou que serão executados, sendo 212 projetos e um investimento de quase R$3.000.000,00. Considerando que cada projeto tem em média a entrega de cinco ações por meio de seus produtos culturais, se cada um tiver a participação de 30/40 pessoas, já são centenas de pessoas  impactadas e envolvidas em atividades culturais pela cidade. Além disso, cada projeto gera emprego, renda, oportunidade, conhecimento e diversidade em atrações que abarquem diferentes gostos e estilos.”

Logo após, a Loraine Wolf, mostrou como aplicar todo o seu conhecimento de conteúdo e projeto nos primeiros passos no mercado artístico, com a fala “Iniciando na Arte”. Ela é uma artista maringaense especializada em lettering, sendo arquiteta por formação e ilustradora por paixão. Wolf expôs a preparação para ingressar no mercado da arte, além de soluções práticas de como atrair e manter um bom relacionamento com seu cliente. Bem como a importância de desenvolver um portfólio que atraia o seu público alvo e como lidar com as dificuldades e se proteger das armadilhas no ramo da arte.

Com “Criatividade como ferramenta de mudança social” foi explorado o viés artístico e social, palestrado por Joyce Bandeira, por meio do Valentinas, uma proposta de conhecimento, troca e experiência entre mulheres, com o objetivo de proporcionar autoconhecimento, desenvolvimento profissional e fomentar negócios de mulheres. Joyce mostrou como encaixar uma perspectiva social dentro de um negócio, tendo em vista sua experiência com o Valentinas, que trabalha exclusivamente com mulheres, além dos principais desafios de unir arte e mercado em uma sociedade em constante mudança.

A última palestra, “Branding Digital”, foi realizada pela Ana Paula Altoé Brandão, a Anapê, a gestora estratégica de marca da Ui! Gafas, além de sócia-proprietária da Ará. A palestrante mostrou como gerir a sua marca na internet e alternativas para divulgar sua arte dentro do mercado, sem deixar de lado a essência do artista nesse viés comercial. A gestora falou sobre a importância do branding digital para o próprio negócio: “Para se posicionar em um mercado confuso, amplo e altamente competitivo é preciso pensar em novas estratégias. Além desse mar de novas informações mercadológicas, a internet – principalmente nas redes sociais – democratiza e coloca em um mesmo espaço, no Instagram, por exemplo, as marcas “top of mind” com as que acabaram de nascer e que ainda mal possuem identidade própria. Isso sem falar nos consumidores informados, que muitas vezes conhecem a marca tanto quanto, ou até mais que, o próprio criador. Por isso, o olhar para a marca, tendo como foco a identidade e seu propósito se tornaram fundamentais para formação de nichos mercadológicos, principalmente pensando em público, que busca se identificar e fazer parte da vida da marca. Ou seja, as marcas criam suas histórias a partir de uma identidade própria, tendo em vista um propósito, e dessa forma, atrai os consumidores a consumir não só seus produtos, mas sua história, seu conceito e seu propósito, até porque, pela alta competitividade, olhar somente para estratégias de venda do produto não é mais suficiente como era há 10 anos atrás, em que somente quem tinha dinheiro podia abrir um negócio”

Para encerrar o evento, Miguel, Loraine, Joyce e Anapê se reuniram em uma mesa redonda para responder questionamentos dos participantes do evento e debater mais sobre aspectos que rondam o mercado artístico. A presidente da Criative Jr, Maria Eduarda Carneiro, falou sobre o saldo do evento para si: “Fiquei muito feliz com o resultado e acho que acertamos muito no tema e nos convidados para aborda-lo. Tratar sobre as relações entre arte e mercado fez muito sentido para a Criative, porque se encaixa muito na nossa área de Comunicação e Multimeios, fazendo com que a gente conseguisse atrair tanto pessoas no curso de CMM, como pessoas de fora. O evento gerou um sentimento gratificante, especialmente pela mensagem que conseguimos passar juntamente dos palestrantes, mostrar que é possível transformar sua arte em negócio, algo que é difícil para que muitos entendam: o lado mercadológico da arte.”

E aí, já ficou ansioso para a edição 2020 do Rocket Jr?

 


Todas as fotos utilizadas são de autoria da Criative Jr.