A banda britânica, The 1975, formada por Matty Healy, Adam Hann, George Daniel e Ross MacDonald, pretende lançar seu quarto álbum, Notes on a Conditional Form, em fevereiro de 2020. É tradição da The 1975 abrir todos os seus álbuns com uma faixa que leva o próprio nome da banda, onde sempre toca um som instrumental ao fundo e o vocalista canta algumas frases. Dessa vez eles se juntaram com a ativista ambiental Greta Thunberg e a primeira música do álbum é um monólogo, de aproximadamente cinco minutos, onde a jovem alerta sobre a crise climática, enquanto um instrumental composto pela banda foi colocado ao fundo. 

 

(Tradução retirada do site Letras):

“Estamos agora no começo de uma crise climática e ecológica e precisamos chamar do que é: uma emergência.
Devemos reconhecer que não temos a situação sob controle, e que não temos todas as soluções ainda, a menos que essas soluções signifique que simplesmente paramos de fazer certas coisas. Temos que admitir que estamos perdendo essa batalha. Temos que reconhecer que as gerações mais antigas falharam, todos os movimentos políticos em sua forma atual falharam. Mas o Homo sapiens ainda não falhou. Sim, estamos falhando, mas ainda há tempo para mudar tudo, ainda podemos consertar isso, nós ainda temos tudo em nossas próprias mãos. Mas a menos que reconheçamos as falhas gerais dos nossos sistemas atuais, nós provavelmente não temos chance. Estamos enfrentando um desastre de sofrimentos não ditos por enormes quantidades de pessoas. E agora não é hora de falar educadamente ou focar no que podemos ou não podemos dizer, agora é a hora de falar claramente. Resolver a crise climática é o maior e mais complexo desafio que o Homo sapiens já enfrentou. A solução principal, no entanto, é tão simples que até uma criança pequena pode entender. Temos que parar nossas emissões de gases de efeito estufa. E nós fazemos isso ou não. Você diz que nada na vida é preto ou branco, mas isso é uma mentira, uma mentira muito perigosa, ou evitamos um grau de aquecimento de 1,5 grau, ou não, ou evitamos desencadear essa reação em cadeia irreversível além do controle humano, ou nós não, ou escolhemos continuar como uma civilização, ou nós não. Isso é tão preto ou branco quanto possível porque não há áreas cinzentas quando se trata de sobrevivência. Agora todos nós temos uma escolha. Podemos criar ações transformacionais, isso salvaguardará as condições de vida das gerações futuras, ou podemos continuar com nossos negócios como de costume e falhar, isso é com você e eu. E sim, precisamos de uma mudança de sistema em vez de uma mudança individual, mas você não pode ter um sem o outro. Se você olhar através do histórico todas as grandes mudanças na sociedade foram iniciadas por pessoas no nível de base, pessoas como você e eu. Então, peço que você, por favor, acorde e faça as mudanças necessárias. Fazer o seu melhor já não é bom o suficiente. Todos nós devemos fazer o aparentemente impossível. Hoje, usamos cerca de 100 milhões de barris de petróleo todos os dias, não há política para mudar isso; não há regras para manter esse óleo no solo. Então, não podemos mais salvar o mundo jogando pelas regras, porque as regras precisam ser mudadas, tudo precisa mudar, e tem que começar hoje. Então, todo mundo lá fora, agora é hora de desobediência civil. É hora de se rebelar.” 

Greta Thunberg é uma jovem sueca, de apenas 16 anos, que se tornou o rosto à frente do movimento contra crise climática quando começou a deixar de ir à escola e seguir, sozinha, para a frente do parlamento da Suécia, carregando um cartaz escrito skolstrejk för klimatet! (greve escolar pelo clima), com a intenção de chamar atenção das autoridades para a gravidade dessa crise mundial para as gerações futuras. Depois de alguns meses os pequenos protestos na frente do parlamento se tornaram uma marcha, chamada #schoolstrike4climate, que levou mais de 1,5 milhões de estudantes de vários países às ruas. A  jovem ganhou visibilidade internacional durante seu discurso na Conferência do Clima da ONU (COP 24), que ocorreu na Polônia, onde ela criticou o fracasso das nações em se comprometerem com a proteção das futuras gerações. Thunberg se tornou vegana, após saber como o consumo de produtos de origem animal contribui para os danos ambientais, e evita ao máximo andar de avião por conta das altas emissões de carbono que esse tipo de transporte emite no meio ambiente. A jovem é portadora da Síndrome de Asperger, fato que muitas pessoas tem usado para fazerem comentários negativos, mas ela não se intimida com isso e fala abertamente sobre o diagnóstico: “Eu tenho Asperger e isso significa que, às vezes, eu sou um pouquinho diferente da norma. E dadas as circunstâncias, ser diferente é um superpoder”, “Quando ‘haters’ perseguem sua aparência e suas diferenças, isso significa que eles não têm para onde ir. E então você sabe que está ganhando!”. Por todas suas ações, neste ano ela foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz, além de ter sido considerada a mulher mais influente do ano na Suécia e um dos 25 jovens mais influentes de 2018.

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Greta Thunberg em frente do parlamento da Suécia Foto: Getty Images

Sobre a parceria com a banda a ativista disse (tradução livre): “Sou grata por ter a oportunidade de transmitir minha mensagem a um novo público de uma nova maneira. Eu acho ótimo que a The 1975 esteja tão fortemente envolvida na crise climática. Precisamos rapidamente envolver pessoas de todos os ramos da sociedade. E essa colaboração eu acho que é algo novo.” O vocalista da banda, Matty Healy, postou em seu Twitter que conhecer Greta Thunberg foi uma inspiração, e que todos os lucros que eles receberem com a faixa, a pedido dela, serão revertidos para o movimento sociopolítico Extinction Rebellion. 

A The 1975 desde o começo de sua carreira tem usado cada vez mais suas plataformas para fazerem críticas, como no mais recente álbum  “A Brief Inquiry Into Online Relationships” lançado no ano passado, onde eles trazem críticas à modernidade. A banda está sempre se renovando e trazendo estilos diferentes nas suas composições, então a parceria com a ativista foi muito bem recepcionada pelos fãs.

Após a parceria com Thunberg, a banda mostrou que nessa nova era de sua carreira vai adquirir um posicionamento mais sustentável. Jamie Oborne, empresário da banda e fundador da gravadora independente Dirty Hit (que é também a gravadora da banda), contou que eles estão fazendo esforços para diminuírem o impacto ambiental, anunciando que a sua empresa eliminou gradualmente todo o plástico descartável, não produzirá mais produtos de plástico, incluindo estojos para CD, e que também está trabalhando para minimizar o impacto da produção de vinil. O vocalista, Matty Healy, também anunciou em suas redes sociais que a banda não irá fabricar novas camisetas, mas que irão usar produtos antigos que não foram vendidos e reimprimir  novas estampas.

 


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O novo álbum da banda, Notes on a Conditional Form, será lançado 21 de fevereiro de 2020, só lá saberemos se as novas músicas terão mais mensagens com essa temática. E você o que achou da iniciativa da banda?