Histórias de contos de fadas são algo que fazem parte de nossa infância, não importa o gênero, de onde veio entre outros, pelo menos uma daquelas tradicionais histórias infantis já deve ter ouvido, ou nos dias de hoje, assistindo algum filme sobre eles. O que muitos podem não saber sobre elas é antes mesmo de muitas virarem filmes da Disney ou serem livros lidos na hora de dormir para ajudarem as crianças terem bons sonhos, esses contos eram na verdade histórias assustadoras com o intuito de distrair os adultos.

Compartilhados oralmente, os primeiros contos de fadas eram narrativas de terror contadas em reuniões e encontros de pessoas, além de serem usadas para entreter os adultos, elas também serviam para assustar as crianças fazendo com que as mesmas não desobedecem os mais velhos. Foi apenas por volta do século XVII na França, que os contos infantis surgiram da forma que conhecemos atualmente com Charles Perrault, e foram se popularizando mais tarde com os irmãos Grinn. A adaptação dessas histórias veio através da vontade de amenizar as narrativas polêmicas, as transformando em mais fantasiosas e lúdicas para as crianças.

As primeiras histórias adaptadas por Charles Perrault foram A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, O Barba Azul, As Fadas, Cinderela, O Gato de Botas, Henrique do Topete e o Pequeno Polegar. Após algum tempo os irmãos Grinn também começam a reescrever seus contos, porém com uma visão mais voltada para a fé cristã e os valores morais. E em seguida o Dinamarquês Hans Christian Andersen se junta aos autores de fabulas infantis, trazendo em seus contos finais não muito felizes, já que o mesmo gostava de mostrar para as crianças que para alcançar seus objetivos era preciso passar por momentos difíceis para só então por chegar no céu.

Em Bela Adormecida, no conto original a personagem na verdade se chama Tália. Ela espeta seu dedo em uma farpa de linho e fica inconsciente, é quando então o príncipe a encontra e apaixonado pela beleza da jovem, ele decide abusar sexualmente de Tália a abandonando e voltando para seu reino. A moça ainda desacordada dá a luz a um casal de gêmeos, que em procura de alimento acabam chupando o dedo de Tália, e assim fazem com que a farpa seja sugada acordando a jovem. Ela dá os nomes de Sol e Lua para as crianças, e mais a frente descobre que o rei que a abusou, era na verdade casado. Quando a esposa do rei descobre sobre Tália e os bebês, ela ordena que os matem, cozinhando as crianças e queimando a moça no fogo. No final do conto a rainha acaba morrendo pelas mãos do próprio rei, e ele então se casa com Tália.

foto: Fairytale Land Stories

foto: Fairytale Land Stories

O nome de Tália é mudado para Aurora por Tchaikovski em 1888, quando o mesmo compõe o balé A Bela Adormecida, a troca de nomes é feita como uma homenagem do musico a sua mãe de mesmo nome. A disney então em 1959 lança seu filme baseada na versão de Perrault e alem de contar com grande parte da trilha sonora sendo criada por Tchaikoviski, a princesa mantem o nome de Aurora. Além do desenho,  Aurora também aparece em um live action criado pela Disney em 2014, que tinha como foco a história de Malévola, a bruxa de A Bela Adormecida.

foto: Mag Sapo

foto: G1

foto: Disney

A história de Cinderela possui variás versões sendo as mais famosas de Charles Perrault e dos irmãos Grinn, o conto não diverge muito do que conhecemos atualmente, exceto por na história do irmãos, as irmãs de Cinderela mutilarem seus pés para que possam servir no sapatinho, o príncipe é alertado sobre o que as irmãs fizeram e não aceita casar com nenhuma das duas. Quando ambas tentam comparecer a festa de casamento de Cinderela e do Príncipe, tem os seus olhos furados por pássaros. Mais a frente Cinderela acaba matando sua madrasta, quebrando seu pescoço com a tampa de um baú.

ilustração de Carl Offterdinger

ilustração de Carl Offterdinger

A versão usada pela Disney para a criação de sua animação lançada em 1950 é a de Perrault, na qual aparece a fada madrinha e a carruagem de abóbora. Além da animação, a história de Cinderela também aparece em Caminhos da Floresta, um musical da Disney lançado em 2010, que faz uma pequena junção com outros contos famosos dos irmãos Grinn, e na live action que carrega o mesmo nome da personagem lançado em 2015.

foto: reprodução/Disney

foto: reprodução/Disney

foto: folha uol

foto: Disney

A história de A Pequena Sereia é criada em 1837 por Hans Christian Andersen, nele Ariel também se apaixona por um príncipe terrestre. Com o desejo de ir atrás de seu amor, Ariel vai até a bruxa dos oceanos e faz um acordo com a mesma, tendo assim sua língua cortada em troca de um par de pernas, e caso o príncipe não a beijasse ela morreria. Ariel sente uma terrível dor quando tenta andar, como se estivesse pisando em cacos de vidro, e mesmo assim vai atrás do príncipe. Para a infelicidade da menina, o rapaz se casa com a moça que ele havia pensado ter o salvo do acidente. Então em uma tentativa de voltar ao mar, Ariel tenta recuperar sua cauda novamente, no entanto o único jeito de isso acontecer seria se ela matasse seu amor e jogasse o sangue dele no mar, a moça se recusa e acaba se jogando no mar virando espuma.

foto: Mensagens com amor

foto: Mensagens com amor

Mesmo a história original sendo muito parecida com a qual nós conhecemos, a Disney, em seu filme lançado no ano de 1989, resolveu mudar tanto o final trágico da jovem sereia quanto a parte em que a mesma perde a língua.  Ariel possui três animações que traz a história tanto da sereia, quanto de sua mãe – A pequena Sereia: A História de Ariel de 2008 – que no primeiro filme já é dada como morta, e também de sua filha – A Pequena Sereia II: O Retorno para o Mar – a qual tem sonhos diferentes de Ariel. A Disney também já está se preparando para lançar a live action de A Pequena Sereia que está previsto para ser lançado em 2020, e conta com uma nova característica da personagem, substituindo a antiga imagem de Ariel e sendo ela agora uma sereia negra.

foto: Litherarium

foto: Disney

O conto A Bela e a Fera possui algumas versões sendo a de Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve a mais famosa dentre as primeiras. Nele a Fera é amaldiçoada por uma fada que desejava conquistar o príncipe mas foi impedida pela mãe do mesmo. Com o tempo, ele conhece o pai de Bela quando o mesmo estava pegando uma rosa do seu jardim para dar a filha mais nova, a Fera então propõe um acordo com o senhor de que ele deveria voltar em um mês ou enviar sua filha mais nova para ficar em seu lugar. Após chegar em casa e contar o que havia acontecido para seus filhos, Bela foge de casa e toma o lugar do pai. Com o tempo, a Fera acaba se apaixonando por Bela e ela por ele. No entanto Bela possuía duas irmãs invejosas e malvadas, e em uma visita que ela faz a sua família, elas tentam prender irmã dentro de casa para que assim, a Fera ficasse brava com Bela e a matasse.

foto: Veja

foto: Veja

A história contada pela Disney, lançada em 1991, sofreu algumas alterações sendo pela fada que joga um feitiço no príncipe por ele ser arrogante, como o fato de na animação Bela ser filha única, entre outros. Desde o primeiro lançamento feito pela Disney, muitas outras versões cinematográficas foram criadas sejam se assemelhando mais a história original, quanto da animação, como é o caso da última live action lançada pela Disney em 2017.

foto: MdeMulher

foto: Disney

foto: Gazeta do Povo

foto: Disney

Chapeuzinho Vermelho é um conto que vem sendo compartilhado desde o século XVII por camponeses franceses, na versão original da menina de capuz vermelho, assim como em Cinderela, não se distingue muito o começo da história com a versão atual que conhecemos, no entanto ao invés de matar e comer a avó de Chapeuzinho, o lobo disfarçado cozinha a avó e serve para a criança como um banquete. Após comer toda a comida preparada pelo lobo, o mesmo pede para que a menina tire toda sua roupa e se deite com ele na cama. A menina após muito esforço consegue escapar do lobo e foge se salvando.

foto: Histórias de Mistério

foto: Histórias de Mistério

A Disney na criação de sua personagem usou como inspiração a versão dos irmãos Grimm, no qual quando o lobo acaba revelando seu disfarce e tenta atacar a garota, um caçador aparece e mata o lobo. Apesar de não ter uma animação própria da personagem como as outras, a história de Chapeuzinho aparece em Caminhos da Floresta, como uma das histórias que se interligam no enredo do filme.

foto: elo7

foto: elo7

foto: casos, acasos e livros

foto: Disney

Os primeiros contos de fadas além de entreter os adultos, e assustar as crianças, também trazia mensagens e problemas presentes naquela época, dessa forma eles também podia alertar as pessoas sobre alguns perigos e abrir seus olhos para outras coisas que elas poderiam considerar assustadoras.

Milhares de histórias como essas foram inventadas no passado e atualmente modificadas continuando a passar suas mensagens para o público de uma forma menos assustadoras, essas novas versões mais voltadas ao público infantil acabam chamando a atenção de indústrias cinematográficas como a Disney, entre outras, fazendo um incrível sucesso, tanto com o público infantil quanto com o público adulto que cresceu ouvindo essas histórias.

E você o que acha de contos de fadas? Prefere as versões antigas ou as novas? Comente com a gente.

 

 

Fontes:

https://www.estudokids.com.br/a-origem-dos-contos-de-fadas/

https://www.justlia.com.br/2009/07/a-verdade-e-a-origem-dos-contos-de-fadas/

http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-112347/?page=5

https://super.abril.com.br/especiais/o-lado-sombrio-dos-contos-de-fadas/