Recentemente a cantora Billie Eilish se juntou a celebridades como Shawn Mendes, Kendall Jenner, Troye Sivan, A$AP Rocky, Noah Centineo, Chika, entre outros, para a nova campanha “My Truth” (tradução: “Minha Verdade”), da marca Calvin Klein, que tinha como objetivo juntar várias pessoas com físicos, sexualidade e etnias diversas. No canal da marca no YouTube foram postados vídeos de todas essas celebridades, intitulados “I Speak My Truth In #MYCALVINS” (“Eu Falo Minha Verdade Em #MYCALVINS”), em que cada uma delas falava uma curiosidade, ou um fato, sobre si.

Em seu vídeo, Billie Eilish, conta o motivo de usar roupas super largas, fato esse que a faz ser extremamente conhecida não só por seus sucessos no mundo da música. Abaixo o vídeo:


(Tradução Livre: “Eu não quero que o mundo saiba tudo sobre mim, quero dizer, é por isso que eu visto roupas grandes e largas. Ninguém pode ter uma opinião porque eles não podem ver o que está por baixo, entende? Ninguém vai ficar tipo “ela é magra, ela não é magra, ela tem pouca bunda, ela tem uma bunda grande”. Ninguém pode dizer nada disso porque eles não sabem.”)

O fato de uma adolescente de 17 anos, se sentir na necessidade de usar roupas largas para evitar que as pessoas falem sobre seu físico, nos leva a pensar sobre o julgamentos dos corpos femininos. Acredito que seja claro para todas as mulheres a existência desse padrão de beleza quase inatingível. E que pelo menos uma vez na vida, já nos sentimos infelizes com o nosso corpo. Nas redes sociais, nos anúncios de revista, somos sempre bombardeadas com a imagem do padrão vendido pela mídia, o da mulher magra, branca, de cabelo liso, com a pele perfeita, sem celulites ou estrias, de corpo malhado e definido. Blogueiras que são pagas para divulgar shakes, remédios “naturais” para emagrecer, produtos de beleza, e muito mais, tudo isso sempre para reforçar esse padrão.

 Com todas essas informações sendo jogadas para nós, também sentimos a necessidade de alcançar esse corpo “perfeito”, e quando esse objetivo não é alcançado o sentimento de frustração e o medo de julgamento nos ameaça. O fato de nós mulheres termos sido criadas por uma cultura em que nos vemos como concorrentes uma das outras, contribui para esse julgamento, temos a necessidade de rebaixar características das outras para exaltar as nossas, o que não deveria acontecer.

A imagem das mulheres representantes desses padrões, sejam elas modelos, celebridades, blogueiras, é super valorizada e colocada como o ideal de sucesso, felicidade e bem-estar. Parece que só se formos parecidas com elas, seremos aceitas e reconhecidas na sociedade. Não podemos deixar de citar os inúmeros problemas de saúde que essa busca exagerada do corpo “perfeito” traz, como anorexia, bulimia, depressão, fora a auto rejeição do próprio corpo e a baixa autoestima.

Além da cantora Billie Eilish, a campanha “My Truth” também trouxe a rapper Chika Oranika, uma mulher negra e gorda, que em suas músicas sempre tenta trazer mensagens positivas com uma visão feminista, apesar de atuar em um gênero musical onde ainda há uma dominância masculina. Em entrevista a revista InStyle Chika contou um pouco sobre sua participação na campanha, (tradução livre): “É importante porque modelos deveriam ser baseados na realidade. Eu pareço com muitas pessoas que muitas vezes não se vêem refletidas na mídia. Fazer isso cria essa brecha entre a realidade e a “imagem perfeita” e essa brecha inspira discriminação. Nós precisamos normalizar a realidade e abraçar as diferenças uns dos outros”.

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Chika Oranika para campanha My Truth da Calvin Klein Foto: YouTube

Nos últimos anos, cada vez mais, marcas famosas tentam colocar mulheres fora do padrão em seus anúncios, como a própria campanha “My Truth” da Calvin Klein. Mas seria essa representação genuína ou apenas pensada no lucro? Essa lojas trazem numerações maiores após essas campanhas? Como os clientes fora do padrão são tratados nesses estabelecimentos?

Mas em uma escala menor, que atitudes nós podemos tomar para quebrar esse padrão e deixarmos de ser escravas da indústria da beleza?