O mundo da moda se encontra em constante mudança desde sempre e isso não é novidade para ninguém. Porém, nos últimos anos, esse processo de renovação esteve e ainda está bastante atrelado às questões sociais, ambientais e econômicas que o envolvem, mesmo que não majoritariamente. A partir disso, diversas marcas começaram a tomar consciência de seu estilo de produção, algumas pessoas pensam mais de uma vez e refletem sobre suas compras de roupas, sapatos, acessórios, e o impulso para o surgimento de organizações/movimentos que lutam para tal compreensão se tornou maior.

Dentre os movimentos, aparece o veganismo, que é uma filosofia de vida adotado por mais gente a cada dia, indo além da alimentação isenta de carne e derivados de animais, ou seja, quem se torna vegano abdica também de consumir peças de vestuário, maquiagens, cosméticos ou qualquer outro produto que contenha componentes de origem animal. Nesse sentido, uma das grifes que aderiu ao veganismo é a de Stella McCartney, que segundo a Revista Forbes, é a provável fundadora do luxo sustentável. A estilista, em suas criações, não utiliza couro e nem pele animal, estando sempre em busca de materiais alternativos para usar. No ano passado, lançou em parceria com a Adidas uma nova versão do famoso modelo de tênis Stan Smith, feito com couro vegano.

Desfile Outono/Inverno 2017 Stella McCartney

Desfile Outono/Inverno 2017 – Stella McCartney

No Brasil, assim como no mercado internacional, há essa preocupação acerca da forma que os produtos são feitos e do consumo destes. Desse modo, inúmeras marcas surgem com o propósito de incorporação do sustentável e do veganismo. E são vários os segmentos que as engloba, possuindo marcas de roupas, sapatos, acessórios, cosméticos, entre outros. Estas são algumas delas: AHLMAInsecta Shoes, Zerezes, Lola Cosmetics e por aí vai. Abaixo estão alguns looks da nova coleção da AHLMA, denominada ANO 02, feita com tecidos recuperados e outros tipos de tecnologias sustentáveis.

Foto via instagram @ahlma.cc

Foto via instagram @ahlma.cc

Foi em fevereiro deste ano, em Los Angeles, que ocorreu a primeira semana de moda vegana. A Vegan Fashion Week foi fundada pela ativista dos direitos dos animais, Emanuelle Rienda, tendo como alvo a elevação de uma moda ética global e se definindo como ”uma homenagem aos animais e uma ode ao fim da exploração animal em todas as formas”. O evento acontecerá novamente em outubro de 2019.

Desfile durante a Vegan Fashion Week (foto:Rozette Rago para The New York Times)

Looks desfilados na Vegan Fashion Week feitos de couro sem origem animal (foto:Rozette Rago para The New York Times)

Modelo utilizando botas da marca Dr. Martens,que possui uma linha vegana (foto via intagram @veganfashionweek)

Modelo com botas da marca Dr. Martens, que possui uma linha vegana (foto via instagram @veganfashionweek)

Emerge também outro movimento, o chamado Fashion Revolution, criado após a sensibilização de profissionais da moda com o desabamento de um edifício na cidade de Bangladesh em 2013, que resultou na morte de 1.134 trabalhadores da indústria de confecção e deixou mais de 2.500 feridos. Essas pessoas trabalhavam para marcas globais, em condições análogas à escravidão. O Fashion Revolution tem entre suas metas a conscientização sobre os impactos socioambientais do segmento, associada ao incentivo da transparência do processo de produção das roupas (a exemplo do desafio lançado através da Campanha #QuemFezMinhasRoupas). No Brasil, ele atua por meio da Semana Fashion Revolution e de eventos que incluem rodas de conversa, exibição de filmes, etc., em prol de mudanças de mente e comportamento de pessoas envolvidas com a moda.

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Mulheres peruanas que fazem parte da produção têxtil segurando a placa ‘Eu fiz suas roupas’ (foto via instagram @fash_rev)

É válido ainda mencionar o Slow Fashion, conceito que contraria as conhecidas fast-fashions e que visa a produção sustentável voltada para o consumo ético da moda baseando-se na consciência socioambiental. O termo slow se refere a uma desaceleração do ritmo criado pela indústria que oferece uma renovação incansável de tendências, para que as pessoas se tornem eternas compradoras, desejando sempre alguma peça nova em seus guarda-roupas. Logo, o slow fashion vem, justamente, para tentar reverter esse rumo que a produção em massa associada ao consumismo está tomando. Para entender um pouco mais dele, dê um play no vídeo abaixo e conheça seus princípios acessando o link.

Diante disso, é deixada a reflexão para se repensar sobre o que compramos ou deixamos de comprar, a maneira como consumimos e sua velocidade, além dos efeitos que isso pode gerar tanto na sociedade quanto no meio ambiente.


Fontes: