No Brasil, quando se fala de esporte, se estabelece uma relação muito rápida com o futebol. Não é a toa que o País é conhecido como “O País do futebol”. Nos anos 30, o presidente Getúlio Vargas, usou a popularidade do esporte e da primeira participação na Copa do Mundo para criar uma propaganda ufanista e um sentimento de patriotismo a partir das vitórias da Seleção. Desde então, o Brasil passou a ser palco de um fanatismo incessante e origem de grandes craques: Pelé, Garrincha, Zico, Ronaldo, Ronaldinho, Neymar … Mas espera aí, e a Marta, a Formiga, Cristiane, Andressinha e Fabi Simões? Aonde ficam as personagens do futebol feminino no cenário nacional?
O esporte feminino é mais uma das vítimas das raízes culturais que evidenciam o homem e suas ações na sociedade como um todo. É evidente que enquanto meninos são incentivados a serem grandes campeões, as meninas são coagidas, com suas bonecas e mini-cozinhas, a serem mães cautelosas e boas donas de casa. Essa carência de uma atitude social que incluísse as mulheres em papéis de maiores destaques esportivos na sociedade formou uma nação machista que tenta desqualificar o empenho e a capacidade da figura feminina nesse meio.

via Confederação Brasileira de Futebol
A Copa do Mundo, apenas cria uma competição para os times femininos em 1991, quando a masculina já disputava entre si desde 1930. Nas Olímpiadas a modalidade masculina foi incluída em 1908, enquanto a feminina somente quase cem anos depois, em 1996. Já nacionalmente, o maior campeonato entre os clubes brasileiros teve sua primeira edição em 1951 mas somente em 2013 os times femininos conquistaram espaço para a competição. Assim como todos os direitos das mulheres conquistados, houve uma enorme defasagem de tempo para conseguir estabelecer garantias básicas para atletas do esporte.
Outra verdade que não se pode negar é que a mídia tem papel fundamental no impulsionamento da visibilidade de esportes. Quanto mais transmissões, mais audiência, mais patrocinadores, e consequentemente maior reconhecimento. As partidas de futebol feminina quase nunca são transmitidas, o que acarreta em uma falta de interesse em patrocinadores e, consequentemente, torna as carreiras das atletas desigualitárias, embora desempenhem as mesmas funções e arquem com as mesmas responsabilidades com seus contratantes.

Treinamento da Seleção feminina – via Confederação Brasileira de Futebol
O Guaraná Antártica usou a falta de divulgação da modalidade para uma campanha que chamou a atenção e ganhou muita repercussão no País ao abordar de forma irônica os deméritos das mulheres da área. Veja o vídeo a seguir:
Recentemente, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) divulgou em seu site oficial que novos contratos foram fechados junto a Band e o Twitter para as transmissões ao vivo dos jogos da série A do Brasileirão feminino. A entidade alega a relevância das transmissões para reunir patrocinadores que se associem a clubes femininos além de reconhecer os atrasos e manifestar o desejo de que o futebol feminino chegue ao mesmo nível de visibilidade que o masculino.

Atual Seleção brasileira feminina principal – via Confederação Brasileira de Futebol