No dia 9 de outubro de 2018, o ex vocalista da banda britânica Pink Floyd, o músico Roger Water, fez uma dura crítica ao fascismo e seu crescente número de seguidores, principalmente no meio político. o Ato ocorreu durante o show realizado no Allianz Parque, em São Paulo.

Water exibiu no telão uma lista com os nomes de neo-fascistas, indicando também, o seu país de origem. Dentre eles, o nome de Jair Bolsonaro estava presente. Sobre gritos de “Ele não”, muitos aplaudiram e apoiaram a atitude, mas o que causou mais espanto foi a quantidade de pessoas que vaiaram Roger, alguns inclusive abandonaram o local.

Lista com os nomes neo-facistas escolhido por Water. Fonte: Revista Fórum

Lista com os nomes neo-facistas escolhido por Water. Fonte: Revista Fórum

Diante desse fato, precisamos ressaltar a história e o posicionamento de uma das bandas mais politizadas de todos os tempos. Pink Floyd sempre pregou resistência. A sua canção mais famosa “Another brick in the wall II” é uma referência clara contra o autoritarismo. Por isso, quando vemos sua plateia vaiar o posicionamento de Roger, a incoerência se destaca e deixa questionamentos importantes a respeito da visão política do brasileiro.

Assim paramos para pensar o que essa parcela que apoia o tal candidato identifica na banda e o que os levou a assistir ao show, já que o engajamento político é inerente. Será que foram ao show apenas por uma modinha sem conhecer a história e as suas músicas? Será que de fato, nunca compreenderam o sentido real de suas letras? Ou será que o fascínio pelo tal candidato está de tal modo que faz com que as pessoas distorçam a realidade? Por ora, podemos acreditar que todas as alternativas são verdades, sendo a última a mais perigosa de todas.

Parte do clipe Another Brick in The Wall. Fonte: Youtube

Parte do clipe Another Brick in The Wall. Fonte: Youtube

Roger Water, após esse primeiro episódio, fez um novo show. Porém,  desta vez, o nome do político brasileiro estava censurado. Esse ato tem um significado importantíssimo diante do quadro político que vivemos: a censura já está saindo da sua toca e tentando tomar conta do que não é seu, antes mesmo da vitória do candidato. Imaginemos então, o que poderá ocorrer após essa fatídica eleição.

Muito recentemente, na cidade de Maringá (PR), também experimentamos o gostinho amargo da censura. Após um festival de grafite, uma das produções foi coberta com tinta preta. Isso nos mostra que, ainda não conseguimos nos afastar do nosso passado.

Nome do candidato brasileiro censurado. Fonte: Gente - IG

Nome do candidato brasileiro censurado. Fonte: Gente – IG

Apesar dessa censura, o músico não deixou de dar seu toque crítico e ácido ao show. Durante a música, já citada, “Another brick in the wall” , crianças com uniforme laranjas subiram ao palco para acompanhar o músico. Por baixo desta roupa, via-se camisetas com a palavras “Resistência”. Após, fez duras críticas ao presidente americano Donald Trump, associando-o a um porco. Ao final, Roger Water inseriu no telão a frase “nem fu*, referindo-se ao “ele não”.

Esses shows serviram para nos mostrar que extremismo vem tomando conta, não só do Brasil, mas de diversos países. A crescente onda neo-fascista assusta e reflete um retrocesso perigoso. Estamos prestes a cometer os mesmo erros do passado, erros esses que achávamos que jamais voltaríamos a cometer. Não podemos deixar o passado ser esquecido.

Inscrição "Resist" exibido durante o show. Fonte: Gente - IG

Inscrição “Resist” exibido durante o show. Fonte: Gente – IG

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