Qualquer um que tenha acesso à televisão, redes sociais, rádio, e meios de comunicação em geral está ciente do levante das mulheres que são contra o candidato à presidência Jair Bolsonaro. Elas, que se organizaram por meio de grupos nas redes sociais – em especial o Facebook -, foram as responsáveis por lançar a campanha de repúdio à eleição do candidato intitulada #elenão. 

A campanha ganhou força, chegando a mais de 3 milhões de pessoas – em sua grande maioria mulheres – reunidas virtualmente em oposição ao candidato. Tamanha visibilidade acarretou até mesmo em um ataque cibernético em que hackers alteraram o nome do grupo (de Mulheres contra Bolsonaro para Mulheres com Bolsonaro) e ameaçaram a exposição de dados de suas administradoras.

No sábado, 29, pudemos ver o desdobramento desta união das e dos defensores do movimento #elenão nas ruas, por meio de protestos em diversas partes do Brasil e do mundo. Maringá foi uma das cidades que teve ruas tomadas por pessoas contrárias ao candidato do PSL e o ComunicaUEM acompanhou tudo de pertinho.

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A concentração teve início às 14 horas na Praça da Prefeitura. Ali, cartazes foram confeccionados, adesivos foram distribuídos e pinturas corporais foram realizadas com o mote “Ele não”. A manifestação se iniciou com muita garra e emoção ao som do grupo de maracatu Baque Mulher – Maringá que fez uma apresentação dando largada ao protesto, dando voz e ritmo ao descontentamento em relação ao posicionamento defendido por Bolsonaro e seus eleitores.

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Em seguida, o grupo de maracatu tomou a frente dos manifestantes que iniciaram seu percurso pela Avenida XV de novembro em direção à Avenida São Paulo entoando em uníssono “Ele não”. Logo após, o protesto se encaminhou à Avenida Prudente de Morais até chegar ao seu destino – o Estádio Willie Davids, por volta das 17 horas.

Era nítida a pluralidade dos participantes da manifestação. Mulheres, LGBTS, negros, brancos, jovens, adultos e também idosos estavam nas ruas daquele sábado, tendo corações diferentes que naquele momento bateram pelo mesmo motivo. Quando uma voz se cansava, outra gritava, o manifesto não se silenciou. A união o criou e o manteve fortemente.img_9360

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No gramado do estádio o grupo se reuniu mais uma vez para ouvir os discursos de líderes de movimentos estudantis, organizadoras do ato e integrantes do Baque Mulher – Maringá. Foram falas que ressaltaram a importância de união contra um candidato que represente um retrocesso em relação a direitos das mulheres – negras e brancas -, de pessoas LGBTQs e outras “minorias”.

img_9677-1Laís Fialho, uma das coordenadoras do grupo de maracatu falou para o Comunica UEM porque considera importante a participação do grupo na manifestação:

Nós somos mulheres de terreiro, eu sou uma mulher negra, muitas do grupo também são mulheres negras e a gente acredita que esse movimento é um movimento de resistência ao retrocesso em relação ao racismo, machismo, lgbtfobia, transfobia e várias outras coisas. Então sabemos que estar aqui é importante pois acreditamos numa sociedade mais livre, mais humana e que só pela luta e pela rua vamos conseguir travar esse retrocesso e continuar avançando nas questões sociais.

O movimento foi pacífico e se desenrolou sem grandes problemas. Ocorreram interações com moradores de prédios localizados nas avenidas percorridas, alguns apoiando, outros vaiando o ato. Assim sendo, o direito democrático de expressão política foi assegurado tanto para apoiadores quanto a opositores do candidato.

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É importante lembrar a relevância das manifestações nas ruas, a liberdade de expressão é um direito constitucional de todos os cidadãos e pode gerar grandes impactos políticos. O respeito é essencial em momentos tão delicados como o que estamos passando no país, o protesto #elenão foi pacífico e levanta causas importantíssimas e que não podem ser colocadas de lado.

O Comunica é a favor da liberdade de expressão e do respeito. Devemos defender nossos posicionamentos sem propagar ódio e visando a consolidação da democracia, por isso dizemos, #elenão.


Fotos: Isabella gomes e Thamlym Luiza