Desde os primórdios da humanidade a mulher é calada e privada de alguns direitos que ficaram sempre relegados aos homens. Uma ou outra tentava se pronunciar, reivindicar, mas nada que obtivesse muito sucesso. E às que tentavam restavam os xingamentos de vagabunda, desocupada ou desviada.
Mas chegados os primeiros anos do século XIX tudo é mudado. A Europa se vê tomada pelo movimento sufragista e diversos países libertam as mulheres para decidirem quem governará seu país. Essa foi realmente uma grande conquista. Mas foi suficiente?
Não foi dessa vez que a mulher se igualou ao homem no âmbito político – nem em nenhum momento da história, até onde temos notícia. Mas hoje as mulheres podem se candidatar a cargos políticos.
O problema é que ninguém gosta da mulher na política, afinal o que se pensa é que a mulher se dá melhor nas tarefas de casa ou em trabalhos de auxílio, como secretária ou até como vice de algum político, já que ela pode participar da política.
Essa, infelizmente é a visão da maioria dos brasileiros e pessoas de outros países, quando se trata de mulher e política. Inclusive de mulheres. Você provavelmente já passou por essa situação: ver uma candidata mulher e desconfiar de sua competência ou força política. Você pode ser mulher, defensora dos direitos femininos e já pegou alguma sombra dessa ideia passando pela sua cabeça.
Essa construção está tão impregnada em nossas mentes, que às vezes, inconscientemente, não confiamos em determinada candidata justamente por ela ser mulher. Como as mulheres podem se eleger em tal cenário?
Dilma Rouseff o fez. Mas Dilma é feia, Dilma não tem competência, a Dilma acabou com o Brasil, Dilma subiu o preço da gasolina, Dilma deu azar para o Brasil na Copa de 2014, Dilma é mulher.
Muitos dos ataques sofridos pela ex-presidente brasileira não diziam respeito de seu governo, mas por ela ser mulher e ocupar tamanho cargo político. Dilma presidenta incomoda. Bem como outras candidatas, eleitas ou não.
A própria candidatura de Dilma se deu muito pela figura de um homem, Lula, e não por sua própria. Graças à popularidade do ex-presidente e ao seu forte apoio à Dilma, ela foi eleita. As campanhas insistiam em afirmar “Dilma é Lula”, para reforçar que o mandato dela seria a continuação e quase repetição do dele. Dava a entender que Dilma representaria o Brasil, mas era Lula que iria governá-lo.
Marina Silva é outro exemplo de mulher que sofre com o descaso das mentes machistas, ou que nem sabem que estão sendo. Não é de hoje que Marina Silva faz política. Bem como não é de hoje que que não depositam confiança nela, acusada de não ter força política e de não se posicionar em determinados assuntos. Ou será que é só por que ela é mulher?
Marina é uma das candidatas à presidência do Brasil neste ano de 2018. Entre 13 candidaturas à presidência, apenas duas são de mulheres – além de Marina do REDE, Vera Lúcia do PSTU está na disputa presidencial.
30% do recurso do Fundo Partidário para o financiamento das candidaturas são destinados às campanhas de mulheres. Porém esse dinheiro nem sempre abastecem suas campanhas. Há ainda partidos que dificultam ou não facilitam a candidatura dessas mulheres, pois sabem que é muito mais fácil eleger um homem.
Apenas 30,8% das candidaturas para as eleições de 2018 são de mulheres, mesmo elas sendo a maioria do eleitorado brasileiro – 52,5%.
Só o apoio e confiança das mulheres, umas para com as outras, pode fazer com que elas sejam eleitas e respeitadas por ocuparem aquele lugar. Elas já são competentes e determinadas, com certeza não é capacidade ou inteligência que lhes faltam.
Não esperamos que um homem acredite em uma candidata mulher. Esperamos que a mulher olhe para a candidata e se veja representada, que deposite seu voto nela.
Um exemplo de que o cenário político para a mulher não é nada fácil, é esta imagem abaixo. Quando fomos procurar imagens para ilustrar o post, procurando por candidatas mulheres, foi isso que encontramos:
Trocando “candidatas” por “candidatos” é isso que encontramos:
Infelizmente a imagem da mulher associada à beleza, sexo e satisfação masculina ainda é muito forte – as imagens falam por si. Quem sabe se elas conseguirem chegar à esses cargos para os quais elas se candidatam, elas não possam mudar esse cenário desastroso. O Comunica deseja que isso aconteça. Esperamos que muitas mulheres esperem e ajam para que isso aconteça também.