O curso de Comunicação e Multimeios saiu vencedor de três prêmios do Intercom Sul 2018, que aconteceu em Cascavel (PR): Fotonovela, Filme de Ficção, Roteiro de Ficção. A ex-aluna Brenda Maria, formada em 2017 e vencedora com “Revelador” na primeira categoria, e parte do grupo formado por Beatriz Colnago, Felipe Collar, Giulliana Dias, Heloisa Lima e Pedro Ferreira, com “A Cor do Toque” nas duas categorias ficcionais, conversaram com o Comunica sobre o evento e esse momento:

ComunicaUEM: O que você achou do evento? Já havia participado antes? O que mais gostou?

Brenda: Eu já havia participado antes do Intercom, num Nacional e no Sul, esse é o segundo Intercom Sul que eu vou. Gostei do evento, eu acho que sempre tem coisas interessantes para agregar, principalmente na área, e o que mais gostei, inclusive, foi uma oficina, que de início parece que não tem muito a ver com a nossa área, mas tem tudo a ver, que era “Aprenda a ouvir para falar”, em que o instrutor dava exercícios de expressão corporal, e eu achei muito interessante em como ele trouxe o teatro pra Comunicação.

Heloisa: Eu já tinha participado do Intercom outras duas vezes, mas como ouvinte. Então eu fui em apresentações de temas que achava interessante, e eu senti que esse Intercom em Cascavel foi um pouco bagunçado em comparação com outros Intercoms que eu tinha ido, no caso no de Joinville, em 2015, e o de Curitiba em 2016. Não sei se foi do atraso com a greve dos caminhoneiros, ou se realmente foi despreparo da FAG, mas gostei bastante do evento mesmo assim, foi uma experiência legal pra apresentar trabalho, pois nunca tinha feito isso em um evento maior.

Beatriz: Eu achei dentro da minha área de estudo bem legal, dentro do audiovisual, vi trabalhos bem legais de vídeos e de roteiros, eu queria ter participado mais, visto mais trabalhos, mais apresentações. Infelizmente não fiz nenhuma oficina esse ano, fui mais pra apresentar os trabalhos mesmo, mas foi bem bacana conhecer pessoas novas, fiz bastante contatos, principalmente ver os trabalhos sendo reconhecidos, ainda mais a gente que nem terminou o curso, foi bastante satisfatório acredito que pro grupo inteiro.

Felipe: Eu achei que foi o melhor Intercom que eu fui. Tinha ido para o de Caxias no ano passado (2017), no Sul, e esse teve oficinas que me ajudaram mais, principalmente no ramo do jornalismo. Dá pra aproveitar mais quando você vai mais experiente, mas gostei mais da programação, tinha bastante conteúdo. Teve uma convergência legal nos temas, foi uma boa discussão, e claro, ano passado fui apresentar trabalho mas foi no Intercom Júnior, e esse ano foi minha primeira experiência no Expocom, com trabalhos tanto no Intercom Júnior, quanto no Expocom. Foi bem bacana.

ComunicaUEM: Como surgiu a ideia do projeto?

Brenda: a ideia do projeto [“Revelador”] surgiu porque eu gosto muito de arte sequencial, e eu acho que é uma área que dá pra experimentar bastante e tem vários tipos de estética, e tem tudo a ver com Comunicação: se envolve com cinema, com fotografia, com ilustração, então é um projeto bem Multimeios. Como o projeto final tinha que vir com isso do multimeios, eu quis entrar na arte sequencial, tentando trazer algo diferente.

A ideia mesmo, em princípio, surgiu quando eu estava no Mafuá e tinha um curta em que um cara contava a história dele e mostrava fotos, que parecia um álbum, então surgiu que eu queria fazer um álbum de fotografias que contasse uma história e trouxesse sensações, com ilustração. Então juntei com arte sequencial das HQs, que é o que eu gosto. Eu tive inspiração principalmente nesse curta e juntei com inspirações que a gente colhe do nosso curso e com a bagagem que a gente tem de referências. Então até projetos de colegas de classe me inspiraram bastante também.

Beatriz: O projeto do filme intitulado “A Cor do Toque” surgiu a partir da disciplina de Técnicas e Tecnologias em Criação Audiovisual, que tivemos no terceiro ano do curso, ministrada pelo professor Tiago Lenartovicz, e foi proposto uma produção de curta-metragem ficcional, a nossa ferramenta de gravação era o neo noir, na verdade era o noir e a gente optou por gravar dentro da linguagem do neo noir, e foi nesse momento que surgiu o curta. Desde então a gente desenvolveu as etapas de pré-produção, produção e pós-produção, foram mais ou menos dois meses (um bimestre) pra finalizar.

Momento de entrega dos prêmios (foto: Facebook/Intercom Sul)

Momento de entrega dos prêmios (foto: Facebook/Intercom Sul)

ComunicaUEM: Como foi o processo de criação? (Desenvolvimento, dificuldades, prazeres etc)

Brenda: No início o campo teórico foi bem difícil, eu não sabia muito bem quais autores eu poderia usar, eu achei difícil achar referências de HQs e fotos e essa coisa de arte sequencial com fotografias. A professora Cris me ajudou bastante nessa parte de referência bibliográfica, e principalmente na questão da fotografia expandida, que eu nem sabia direito o que era, ela me mostrou esse caminho, que eu gostei muito de seguir. E na criação prática do projeto, eu tinha mais ou menos na minha cabeça como queria, mas foi bem difícil por causa dessa pressão do último ano, de você estar saindo da faculdade, até pressão psicológica mesmo e parecia que eu não conseguiria fazer, mas deu tudo certo com ajuda dos amigos e dos atores que participaram da HQs, que é a Bianca Cristina e o Clayton Queiroz, de artes cênicas. Criei uma história, os personagens, então foi algo bem coletivo com os atores, eles ajudaram muito.

Heloisa: O processo foi bem interessante porque tivemos que procurar atores que topassem, porque no nosso roteiro tinha cenas de nudez, de agressão, então tivemos que achar atores que se encaixassem na nossa descrição do personagem, e a gente precisava de alguém que aceitasse o que tínhamos proposto. Conseguimos atores magníficos, que fizeram o trabalho de forma voluntária, para o portfólio.

Uma das coisas que foi bem legal foi que a gente prestou homenagem para o professor que já não está mais dando aula, o Gustavo e banda dele, Errorama. Usamos as músicas em toda a trilha sonora, para que também tivéssemos esse impacto um pouco mais maringaense, se relacionasse mais com quem a gente tava falando. Então todo mundo tá envolvido de alguma forma aqui na UEM, e várias pessoas do nosso curso tiveram alguma participação porque trocamos ideias. Foi bem legal, todos os figurinos eram do meu guarda-roupa, ou do guarda-roupa da Bia.

A nossa maior dificuldade foi que tivemos um tempo limitado para gravar com a atriz principal porque ela ia viajar e a gente tinha que gravar durante uma semana e meia com ela e a maior parte das nossas cenas era à noite, então tivemos que gravar muita coisa nesse período, muita cena uma atrás da outra.

Beatriz: A gente pôde aprender muito sobre as etapas de produção dentro de um orçamento baixo, porque somos estudantes, mas conseguimos encaixar dentro do que a gente propôs um orçamento legal, conseguimos locações por meio de amigos, fizemos umas gambiarras com a iluminação, e ficou um produto muito legal no final.

Heloisa: A melhor parte foi que a nossa atriz principal era um anjo, porque se tivéssemos uma atriz um pouco menos disposta, ou com pouco mais de “frescura”, acho que não teria dado tanto certo como deu. Mesmo demorando, mesmo cansado, a gente sabia que tava fazendo algo legal, então valia a pena ficar 40 minutos arrumando uma luz. Acho que todo mundo se esforçou e dou muito crédito para o pessoal sem ser o nosso grupo, como a Helena [protagonista], que é uma ótima atriz, muito legal e acreditava muito no nosso projeto, também aceitou o nosso roteiro de cara, mesmo que tinha cenas em que cuspiam no rosto dela, ou de nudez.

Como as disciplinas do curso contribuíram para o desenvolvimento do projeto?

Brenda: Acho que as disciplinas sempre ajudam muito, as leituras e debates em sala, as inspirações dos colegas e professores sempre ajudam a agregar no trabalho. Principalmente no multimeios, isso eu gosto muito do curso, dos professores sempre nos provocarem a pensar além, dos produtos híbridos, das linguagens que se conectam, é algo que eu gosto muito de fazer, e o curso expandiu o olhar pra uma área do multimeios mesmo, do hibridismo, da convergência. Eu gosto muito.

O curso ajuda muito no desenvolvimento que não fica só na estética, mas nos ajuda a trazer valores mais profundos pra história, alguns conceitos não tão superficiais, acredito. Então o curso expande pra esse lado teórico que eu gosto bastante, de se aprofundar no que você está fazendo e não ficar só no superficial, no que é bonito mercadologicamente.

Heloisa: A disciplina tinha uma parte focada na produção de roteiro, então tivemos leituras para esse desenvolvimento do roteiro, do storyboard. No desenvolvimento do todo, as partes da disciplina ajudaram a gente no trabalho no sentido das noções de ângulo, de planos etc, só que é muito diferente quando você pega a câmera e está no lugar para filmar. Foi legal ver na sala de aula e fazer. E aí você acha que está fazendo tudo, mas depois descobre que tem muita faltando, como croqui de figurino: a gente não tinha ideia que tinha que fazer, só percebemos quando tivemos que fazer.

Beatriz: Você estudar eu acho muito legal. Ter o acesso aos materiais de estudo, eu acho cômodo as pessoas estudarem e irem debater. Agora você fazer o filme, eu gosto de ressaltar isso, você fazer um vídeo é muito mágico e é outra experiência, aí sim você pode falar “eu faço cinema, eu estudo cinema”, depois que você pega e faz. Então espero que todos os alunos passem por isso. Dá trabalho, cansa, todo mundo reclama, mas é muito bacana o esforço no final.

Como foi a sensação de ganhar esse prêmio no Intercom Sul? Você esperava?

Brenda: Eu não esperava mesmo ter ganhado quando eu cheguei lá, eu acho que meu trabalho ficou bom, mas eu sempre fico não tão confiante com as coisas, mas eu quis tentar. É legal essa experiência de estar lá, não só pelo prêmio, mas compartilhar, de ver como os outros alunos da mesma categoria tiveram olhar sobre ela, como eles fizeram os métodos. Eu fiquei bem surpresa na verdade, eu até olhei pra tela pra ver se era isso mesmo, porque estava muito nervosa na apresentação, sou bem tímida pra apresentar em público, então achei que não tinha apresentado os pontos do meu trabalho, senti que minha apresentação foi superficial, e eu tava bem insegura com isso, mas deu certo, ver o nome da UEM, gostei muito disso, o pessoal super apoiou, ganharam prêmio também, é muito legal essa sensação.

Heloisa: No meu caso, foi beeeem inesperado. Não porque eu não acreditasse no trabalho que a gente fez, mas eu vi muito trabalho bom, e tinha certeza que a gente era um dos melhores, eu sabia que tinha sido muito bom, a gente tinha feito uma apresentação legal, a gente tinha gostado. Porém aconteceram alguns problemas técnicos na projeção, como a cor do sangue ficar preto ao invés de vermelho, então eu falei “ah, não sei se a gente vai ganhar, mas estou feliz de ter participado”, e eu fiquei feliz mesmo da gente ter sido selecionado porque foram muitos trabalhos, e uma vez que somos selecionados para ser representante da UEM, a gente tem que bater com representantes de outros lugares, e a gente ir lá e apresentar, isso também é um desafio.

Felipe: Foi muito boa. Uma, porque foi um trabalho que deu muito “rolo”, mas no final deu tudo certo. Então fomos bem confiantes e eu saí da sessão muito otimista, principalmente com o roteiro, eu sabia que a gente tinha grandes chances de ganhar. Já o curta foi uma grande surpresa, porque tinha outros trabalhos muito bons. Foi uma sensação muito boa, principalmente a gente trabalhou muito em cima dele, não dependeu somente da gente e sim de apoio de muita gente por trás, como dos atores.

Quais são suas expectativas para o Intercom Nacional?

Brenda: Eu estou super interessada, e bem nervosa também, porque parece que é mais gente ainda, sendo nacional, mas acho que vou gostar bastante por ver todas as representações das regiões numa modalidade. É muito legal ver isso, porque a gente só está só na região sul, então tem uma certa cultura daqui, então vou conseguir ver outras culturas, e isso sempre enriquece, há algo que podemos tirar de inspiração, então eu tô feliz de ter conseguido isso [o prêmio] pra ir no Nacional, ver novos trabalhos e conseguir defender o meu.

Felipe: A expectativa está enorme, porque a gente saiu com um feedback bem positivo, sabemos que terão pessoas do Brasil inteiro, um projeto por região, e por ser no sul [Joinville, Santa Catarina], seremos, de certa forma, os anfitriões defendendo a região. Claro que agora a dificuldade aumenta, mas a gente tem expectativa de ganhar, temos uma experiência bacana de apresentação. Não podemos mexer no texto, mas conseguimos mexer na apresentação, podemos ver os pontos que podemos melhorar, então temos que ir pra “arrebentar” realmente. A chance é grande, o pessoal ficou bem empolgado para ver o filme. Vamos para pegar os dois prêmios e fazer Joinville ser mais CMM.

Onde as pessoas podem ter acesso ao seu trabalho?

Brenda: Meu trabalho ainda não disponibilizei, até porque ele é impresso. É um pouco mais difícil porque ele tem interações do scrapbook, então mesmo se eu colocar no digital não será a mesma experiência, vai quebrar bastante a experiência do meu projeto, mas vou tentar colocar de um modo mais interativo se eu for colocar no digital, que tente se aproximar do impresso, e também se as pessoas quiserem ver, podem pedir, pegar em mãos, estou super disposta a compartilhar ele.

Heloisa: Estamos com um plano de fazer o lançamento do curta no mesmo dia que a gente apresentar, no sentido de estrear o curta para as pessoas que estão lá.

Vencedores dos prêmios (foto: Facebook/Intercom Sul)

Vencedores dos prêmios (foto: Facebook/Intercom Sul)

Você pode conferir um pouquinho do que rolou no evento aqui 🙂