Quantas aulas já foram atrapalhadas por algum aluno que estava mexendo no celular fora de hora? Quantos vídeos do YouTube já fizeram os alunos passar horas assistindo e assim, acabar deixando os estudos de lado? Tecnologia é vista como inimiga dos estudos por muitos, mas esta nova onda de edutubers – apelidos dos professores do YouTube – mostra que a tecnologia pode ser, na verdade, a maior aliada.

DA ESQUERDA PARA A DIREITA: PAULO JUBILUT (BIOLOGIA TOTAL), MARI FULFARO E IBERÊ THENÓRIO (MANUAL DO MUNDO), CARINA FRAGOZO (ENGLISH IN BRAZIL), FELIPE CASTANHARI (NOSTALGIA) E, À FRENTE, MATHEUS MORAES (TETEUS BIONIC) (FOTO: JULIA RODRIGUES / EDITORA GLOBO)

Foto: Julia Rodrigues / EDITORA GLOBO

Como é o caso de Paulo, formado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina, lecionou por dez anos em cursinhos e colégios, até perceber que algo estava errado. Ele conta em entrevista que “os alunos estavam dispersos por conta dos smartphones que surgiam”. Então, sem nada além do amor por lecionar, no fim de 2011, gravou algumas aulas com a câmera do próprio notebook e postou os vídeos na internet. Hoje, todos o conhecem como Professor Jubilut, do Biologia Total, canal com mais de um milhão de inscritos. O projeto cresceu e se tornou uma plataforma de estudos completa, com site próprio e cursos exclusivos, cujas mensalidades partem de R$ 17. E assim, Paulo trocou as salas de aula pelo YouTube.

Além do Biologia Total, outros também extrapolaram os limites do YouTube. A maioria dos edutubers busca usar os canais para alavancar as próprias plataformas de ensino, onde conseguem ganhar mais com o conteúdo. Como Débora Aladim, mineira, estudante de História na UFMG, aspirante à professora e edutuber desde 2013, com quase 1,5 milhões de inscritos em seu canal, Débora divulga, entre vídeo aulas – feitas com uma câmera e o cenário do seu quarto – suas apostilas de autoria própria.

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Foto: canal Débora Aladim

Assim, eles (edutubers) lucram e os estudantes possuem uma ferramenta de complemento de seus estudos. Essa nova onda de ensino está sendo fundamental para Fernanda Caroline Natalio, de 17 anos, que está prestando vestibular para medicina. Ela assiste as vídeos aulas frequentemente e comenta que “os vídeos são interessantes, porque tem uma abordagem diferente das aulas do cursinho, visto que são outras pessoas com uma explicação diferente, além de possuir o recurso de pausar, voltar e adiantar, o que não acontece no cursinho presencial”.

Fernanda também é assinante da plataforma de ensino Descomplica, um cursinho online com aulas ao vivo, redações corrigidas, monitorias. Plataforma esta, que a ajuda muito com suas dúvidas que o cursinho presencial, às vezes, não contempla. Ou seja, o cursinho online e presencial se completam.

De acordo com a revista Galileu, usar recursos audiovisuais para ensinar é um dos métodos utilizados pelo norte-americano Jonathan Bergmann, professor de Química. Ele é um dos criadores do método da “sala de aula invertida”, que vem ganhando atenção. A ideia é simples: antes de ir para a escola, os alunos devem assistir a vídeos sobre o conteúdo. Assim, o tempo em classe fica menos expositivo (e entediante) e mais “ativo”.

O mundo está, cada dia mais, tecnológico. Tradições estão sendo revisadas e mudando. O processo educacional não poderia ser diferente. Percebe-se que nas vídeos aulas, feitas pelos edutubers, é utilizada uma linguagem formada pela junção da mais formal, de sala de aula, com a linguagem mais casual e informal de vlogs. Facilitando, ainda mais, a compreensão por partes do alunos.