Após a palestra de abertura “Sob o signo da precariedade: repensando o cinema Queer”, com a Professora Dra. Ramayana Lira de Sousa, do minicurso sobre Direção de Documentários, com o Professor Dr. Eduardo Baggio, e das exibições dos 22 curtas-metragens selecionados pela curadoria, aconteceu hoje (01/12) o encerramento da Mostra do Filme Universitário e Amador (MAFUÁ!).

Na programação, um bate-papo com os realizadores e o público sobre os filmes exibidos durante os dias 29 e 30 de Novembro, mediados por integrantes do Grupo de Estudos de Cinema e pelos palestrantes convidados. Entre os autores presentes, estavam Lara Orsi e Geysa Barbosa (“Bon Appétit”), Lucas Chicarelli (“Batalha da Concha”), Debora Primo (“Alérgica”), Tiago Bianchini e Anna Bárbara Vollertt (“La Vie: Pertes et Recommencement”), Kevin de Moraes e Bárbara Rodrigues (“Phool”), mediados pela Prof. Dra. Cristiane Lima, coordenadora geral, e pelo integrante do grupo de estudos Guilherme Souza.

Durante as falas, ficou ressaltado a importância desses espaços para exibição, discussão, experimentação e incentivo à produção audiovisual, sobretudo os universitários e independentes, e a possibilidade da graduação oferecer mentoria e orientações que não se teria em outros espaços. A Professora Ramayana também afirmou que a produção de curtas também tem um formato interessante justamente por ser menor e possuir menos trabalho de produção e tempo, mas não sendo necessariamente menos exigente, além de abordar a importância da participação das mulheres, que precisa ser pensada nas rodas de conversa, festivais e produções: este ano, 12 inscritas tiveram seus curtas exibidos.

A maioria dos idealizadores presentes eram alunos do primeiro ano do curso de Comunicação e Multimeios, e muitos tiveram contato com produção audiovisual pela primeira vez na disciplina de Cinema, ao produzirem curtas de um minuto inspirados no cinema do século XIX: “É muito bacana pensar no roteiro, explorar, pensar nas possibilidades. Foi muito bacana participar do Mafuá logo no primeiro ano”, afirmou Debora. Já Tiago complementou que a relação com o tempo de duração não foi tão boa, mas que a possibilidade de criar em um tempo menor, contrária da produção quase industrial hollywoodiana, e a ideia de ter “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” foram muito legais.

 A relação com os filmes e construção de referências, em geral, também mudou com os estudos sobre Cinema: os participantes passaram a ter um outro olhar relacionado aos audiovisuais, de forma mais cuidadosa em relação aos detalhes e à elaboração, sempre tentando tirar algo de bom da experiência de ver um filme e da possibilidade de discutir temas importantes que podem ser abordados por ele. Lara também afirmou que sempre gostou de cinema, e teve um contato ainda maior com o Cinuem e os exemplos abordados em sala de aula, passando a se perguntar sempre como determinada cena ou produção fora feita.

Já os acadêmicos do segundo ano, Bárbara e Kevin, produziram o documentário “Phool” para a mesma disciplina no ano anterior e, apesar de afirmarem que mudariam determinados aspectos do curta, filmaram vários lugares bonitos e gostaram do resultado quando produziram-no para o trabalho final de Cinema. Eles também explicaram que o roteiro foi pensado sem muitos detalhes, e sim de uma forma mais aberta. A trilha sonora também foi de autoria própria, com o objetivo de ter sons repetitivos e que dessem uma sensação de cansaço, para logo depois vir a sensação de alívio ao finalizar o ato.

O acadêmico da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Lucas Chicarelli, inscreveu seu documentário “Batalha da Concha”, sobre o evento da maior batalha de rimas do sul do Brasil, e contou que participa do movimento dos artistas de rua, existente desde 2012, e teve a ideia de produzir o curta-documental como forma de dar mais importância e atenção que o evento merece. Apesar do filme não ter circulado em festivais e mostras, foi disponibilizado na internet e utilizado pelo organizador da Batalha como uma forma de divulgação. Chicarelli também manifestou seu desejo de inscrevê-lo em outros espaços de exibição e divulgar mais essa cultura de rua que acontece semanalmente.

Por fim, a Prof. Cristiane Lima comentou brevemente os critérios de seleção dos curtas: criatividade, originalidade e relevância; a Prof. Ramayana anunciou as menções honrosas de cada categoria: a “Primavera Secundarista” no documentário, o “Pele de Pano” no experimental, e as ficções produzidas pelo primeiro ano. Como forma de encerramento, foram exibidos três audiovisuais que se destacaram no FEVUEM (Festival de Vídeos da UEM) de 2016: “Pé de Moleque”, “Corações de Papel” e “Tupinikuirs”.

Gostou da “MAFUÁ!”? Confira aqui uma breve entrevista com a coordenadora geral do evento, a Prof. Dra. Cristiane Lima.