Os africanos, trazidos ao Brasil como escravos, enfrentavam terríveis e longas viagens que duravam meses. A fome, a sede, o calor, o medo e a morte eram encarados de perto. Muitos deles eram levados apenas com a roupa do corpo.
As crianças presenciavam e sofriam a desumanidade junto a seus pais. As Bonecas Abayomis nascem nesse cenários, no qual, as mães, na tentativa de tranquilizar seus filhos, rasgavam, com as próprias mãos, tiras de pano de suas roupas e confeccionavam bonecas apenas com nós, amarrações e tranças, que serviam como amuletos de proteção.
As bonecas que se tornaram símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa “Encontros preciosos”, tem origem do Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano, cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim. E são elas, as Abayomis, as estrelas da criação visual da edição “Consciência Negra”.
Para compor a produção, o Comunica organizou uma oficina para a confeição das bonecas. A oficina teve como ministrante Cleuza S. Theodoro, mais conhecida como Brechó, atualmente, gerente da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Maringá.
Confira comentários das participantes sobre as oficinas:
“ Sem dúvida poder conversar com a Brechó e ouvir ela contando histórias, que algumas de nós não conhecíamos, foi uma experiência inestimável, a troca de conhecimento entre todas foi valiosíssima e ainda pudemos levar uma Abayomi de recordação do momento” – Débora Primo.
“ As bonecas aparentemente “fáceis” de fazer, entre nós e tecidos, tem um significado lindo: “encontro precioso”, e é assim que defino a oficina!” – Maísa dos Santos.
“ Não conhecia a boneca e nem sua história, acabei conhecendo. É uma história triste, mas ela acaba por representar um ato de carinho também.” Gabriela Bueno
Atualmente, as Abayomis são feitas com materiais reaproveitados, como retalhos de pano e malha, fitas, rendas, bordados e restos de bijuterias. Não há utilização de cola, costura ou qualquer material para suporte, apenas retalhos superpostos e nós. As faces das bonecas não são demarcadas por expressões faciais, para que as múltiplas etnias africanas sejam reconhecidas.
As bonecas devem ser dadas a uma pessoa querida, presenteá-las é um ato de nobreza, é dar a essa pessoa aquilo que temos de melhor a lhe oferecer. Por isso, o Comunica presenteia vocês com essa criação mais que especial!