O projeto Favelagrafia tem como objetivo trazer um novo olhar para as favelas do Rio de Janeiro. A intenção do Favelagrafia é apresentar sob a perspectiva dos próprios moradores, o lugar onde eles vivem e conhecem. Para isso o projeto conta com nove fotógrafos que são moradores de nove favelas diferentes.

A fotógrafa Elana Paulino, que mora na favela Santa Marta e participa do projeto, contou para o ComunicaUEM que eles fotografam com o celular iPhone por ser menos invasivo, além de possuir uma boa qualidade para fotografias.

Sobre a seleção ela diz que todos já eram fotógrafos e o convite foi feito através do Facebook da NBS, empresa que fez o projeto. Paulino conta que “estavam procurando jovens que gostavam de fotografar suas comunidades. Quando me escrevi pensei que seria um curso, mas quando houve a seleção com o Camilo Coelho, descobri que ia representar minha comunidade.”.

Moradores do Morro da Mineira Foto: Jéssica Higino

Moradores do Morro da Mineira  Foto: Jéssica Higino

A proposta gerou um Instagram, que conta com registros quase diariamente, um livro, uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e um site. A idealização do projeto foi feita pela agência de comunicação NBS Rio+Rio, em parceria com o Tundrastudies e curadoria de Andre Havt.  O projeto ganhou dois Leões, em entertainment e design, no Festival de Criatividade de Cannes 2017.

Registro de morador do Morro da Previdência pertencente ao projeto Foto: Joyce Piñeiro

Retrato de um morador do Morro da Previdência  Foto: Joyce Piñeiro

Registro do Complexo do Alemão Foto: Josiane Santana

Registro do Complexo do Alemão  Foto: Josiane Santana

As favelas escolhidas para participar do projeto foram Complexo do Alemão, Santa Marta, Morro dos Prazeres, Cantagalo, Babilônia, Morro da Mineira, Borel, Rocinha e Previdência. As histórias desses lugares, que ficam em partes distintas do Rio de Janeiro, são mostradas por uma visão que se difere da estereotipada das comunidades cariocas.

Complexo do Alemão Foto: Josiane Santana

Santa Marta  Foto: Elana Paulino

Sobre os estereótipos Elana Paulino diz que “notícia boa não vende, então a mídia não mostra o que realmente somos! 10% ( das pessoas) então no caminho errado mas o restante é trabalhador, estudante e pagante de impostos como todo mundo. Pagamos luz, água. As pessoas pensam que vivemos de Bolsa Família e não dão oportunidade para jovens que lutam atrás de uma profissão como todo mundo.”

Foram criadas também colagens tipográficas com as fotos feitas pelos moradores. Elas formam o nome de todas as favelas participantes do projeto.

Além disso, o Favelagrafia possui uma conta no YouTube com videos que apresentam entrevistas com moradores e manifestações artísticas desses lugares.

O projeto mostra-se importante por fazer reverberar a voz das favelas e trazer a tona uma comunicação a partir de um viés comunitário. O potencial de iniciativas como essa é grande e pode colaborar para uma transformação social.

Mais informações sobre o Favelagrafia podem ser encontradas no Facebook e em seu site.