Semana passada, entre os dias 23-26 de Maio, ocorreu na Universidade Estadual de Londrina o VI ENEIMAGEM e a III EIEIMAGEM, Encontro Internacional de Estudos de Imagem. Um evento desenvolvido pelo departamento de história da Universidade de Londrina que contou com mais de 600 inscritos. A programação ofereceu palestras, apresentações de artigos acadêmicos, espetáculos culturais e minicursos, concedendo aos participantes uma vasta oportunidade de explorar os diversos campos da imagem e seus estudos.
O evento se iniciou com a apresentação do Grupo de Maracatu Semente de Angola – um grupo musical cheio de expressividade e cores, chamando e encorajando o público para dançar suas batidas e cores. Logo, deu-se início a palestra do prof. dr. Gonzalo Leiva Quijada (PUC- Chile). Com o tema “Corporalidad, Imagen y Vanguardia: modernidad constructiva desde una nueva imagen del cuerpo (1910-1940)”, o professor Quijada abordou sobre a relação dos cartões postais e a vinculação do conteúdo deles com a história do Chile e influências externas, como o impacto do “Star System” vindo do cinema Hollywoodiano. A expressividade dos corpos e o contexto que eles foram retratados se contradizia com a modernidade que, segundo o prof Gonzalo Quijada, trata-se de um corpo emancipado, manifestando uma figura que resiste e está na realidade.

Grupo de Maracatu Semente de Angola. Fundado no ano de 2010 em Londrina-PR.
No dia 24/05 (Quarta-feira), iniciou-se os minicursos e apresentação de palestras. As opções dos minicursos eram inúmeras, indo desde o estudo das escolas de samba, fotografia, iconografia, quadrinhos, cinema, entre outros. O Comunica participou do minicurso sobre as imagens em manuscritos iluminados, ministrado pela professora Pamela Wanessa Godoi. Detalhes sobre nomenclaturas, a estrutura e fabricação dos manuscritos históricos foram explicados pela professora, cujo doutorado debruça-se sobre a leitura de um manuscrito francês do século XII.

Iluminuras em exposição no saguão da PDE/UEL
Já a tarde, os artigos acadêmicos foram apresentados. Duas professoras e uma estudante do curso de Comunicação e Multimeios da Universidade de Maringá participaram das apresentações. Ana Cristina Teodoro, professora doutora de CMM, no seu estudo de gênero da obra Grande Sertão de Guimarões Rosa; Cristiane da Silveira Lima, também professora e doutora do curso, dissertou sobre o artigo que discute som e imagem na obra Jards. Beatriz Carrocini Colnago, aluna do terceiro ano, discorreu sobre o estudo “Identidade cinematográfica na primeira fase da Retomada (1994-1998): uma representação da nação brasileira”.

Apresentações dos artigos acadêmicos abrangiam várias áreas do conhecimento, desde as artes até movimentos sociais.
Quinta-feira, o evento continuou com a programação normal dos minicursos e apresentação dos trabalhos, sendo que de noite realizou-se um bate-papo denominado “Cenas de Botequim” no bar Valentino, tendo como tema “Cidade Imaginária: a Londrina dos anos 50 por Hikoma Udihara e Haruo Ohara”.
O último dia do evento começou com uma mesa redonda cujo assunto era “Mitos da Mídia”. Compondo a mesa, estavam a Prof.ª Dr.ª Monica Martins, o Prof. Dr. Hertez Wendel de Camargo e o Prof. Dr. André Azevedo da Fonseca. A Prof.ª Dra.ª Martins iniciou sua fala explicando sobre o poder que o mito possui a capacidade de nos levar ao momento de catarse, desencadeando a natureza e os efeitos psicológicos da experiência emocional. Continuou seu raciocínio ao analisar que o indivíduo possui uma experiência individual que procura transmitir por meio de sinais. Caso sua vivência seja significativa e profunda, sua comunicação terá força e valor de um mito vivo. Um dos exemplos de “mito vivo” seria Steve Jobs, um dos criadores da Apple, que passava uma certa aura em suas palestras e possuía a força de um deus-vivo. Já o Prof. Dr. Hertez de Camargo iniciou sua fala apresentando uma definição de cultura que relaciona-se com a estudiosa Irene Machado. Para ele, a cultura é como um tecido feito de fios que dão sustentação e nada nela é isolado, seja a economia, a história ou as relações, definindo o consumo como o fio condutor da cultura. Para o professor, consumir é produzir cultura, pois faz parte de uma troca simbólica que engloba a personalidade humana. Nos identificamos com os produtos que consumimos. Já o professor doutor André Azevedo da Fonseca, discorreu sobre a criação de memes – compartilhados nas redes sociais – que são desenvolvido e influenciados de acordo com mitos antigos, histórias da cultura pop, folclores e ironias.

Mesa Redonda sobre os Mitos da Mídia.
O evento finalizou com a fala da prof. dra. Silvana Ferreira Silva Mota Ribeiro (Universidade do Minho – Portugal) cujo o tema era “Gênero e sexualidade: análise da imagem e empoderamento semiótico para desvendar discursos e ideologias”, no qual a professora analisava diversas capas de revista e propagandas, entendo e estudando sobre a representação do feminino nas mídias, uma visão que, segundo a professora, trás ambiguidades e contradições.
O ENEIMAGEM contou com a contribuição dos alunos de história e voluntários que ajudaram na organização do evento, sendo que é possível encontrar palestras, fotos, vídeos ou programação mais detalhada sobre o evento no site ou como também nas redes sociais como: Facebook, Instagram ou Youtube.

VI ENEIMAGEM